Amílcar Morais Pires, antigo administrador financeiro do Banco Espírito Santo (BES), afirma em entrevista ao El País que “já não existem bancos genuinamente portugueses” e que “vai-se pagar caro por isso”.
O ex-braço direito de Ricardo Salgado culpa o Banco de Portugal e o governador Carlos Costa pela queda do BES em 2014.
“Podia ter-se aproveitado aquele momento (da queda do BES) para fundir o BES e o BCP, criando um banco de relevo”, adianta Morais Pires que considera que a medida de resolução “foi um grande erro estratégico”.
O BES foi alvo de uma medida de resolução em agosto de 2014, tendo sido criado um banco ‘mau’ e um banco ‘bom’ – o Novo Banco – que pretende pedir este ano uma nova injeção de capital ao Fundo de Resolução, num montante superior a mil milhões de euros, segundo o Jornal Económico.
“Na próxima crise, o ministro das Finanças não terá no sistema bancário nacional os interlocutores necessários para, por exemplo, desenhar um plano de contingência das empresas públicas”, avisa, frisando que não existem bancos portugueses.
“Além da estatal Caixa Geral, o primeiro, o Santander, é espanhol; o segundo, o BCP, é chinês e angolano; o terceiro, o BPI, é espanhol; o Bankinter também é espanhol. Todos deixam de ter o centro dos seus interesses em Portugal ou em países lusófonos”, aponta.
Na entrevista, em que apresenta a sua versão dos factos em torno do colapso do BES, Morais Pires aponta o dedo sobretudo ao governador do Banco de Portugal.
“O governador delapidou as poupanças de muitas famílias, de muitos acionistas”, afirma na entrevista divulgada este domingo.
Morais Pires avançou recentemente com uma ação popular contra o Banco de Portugal e a auditora KPMG, para pedir que indemnizem o Estado em 4.330 milhões de euros pelas perdas que sofreu com a queda do BES.
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