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A segunda auditoria especial às contas e ao histórico dos negócios do Novo Banco feita pela Deloitte, enviada esta sexta-feira pelo Governo à Assembleia da República e à Comissão Parlamentar de Inquérito, vai dar muito trabalho a analisar, diz o ministro das Finanças, João Leão, numa nota enviada pelo seu gabinete aos meios de comunicação social, esta quinta-feira.
Segundo a fonte oficial, “o Governo acabou de remeter à Assembleia da República, bem como à Comissão Parlamentar de Inquérito em curso, o relatório da segunda auditoria especial ao Novo Banco, elaborada pela Deloitte”.
“Atendendo ao seu conteúdo e à sua eventual relevância para a auditoria em curso, o relatório também foi remetido ao Tribunal de Contas.”
No entanto, o Ministério das Finanças sublinha que este segundo levantamento sobre o banco que ficou as partes menos más do BES “exigirá uma análise exaustiva por parte de todos os destinatários”.
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Esta auditoria faz parte de uma lista de exigências de partidos da oposição, como o PCP e o BE, por causa das sucessivas disponibilizações de verbas públicas para que o Fundo de Resolução consiga cumprir o contrato e ajudar a restabelecer os rácios de saúde financeira e de estabilidade do Novo Banco (NB), que é maioritariamente detido pelo fundo norte-americano Lone Star, último beneficiário destas medidas.
A oposição quer saber em detalhe como está efetivamente o Novo Banco, que negócios fez ou assimilou, que podem continuar a exigir dinheiro dos contribuintes.
Recorde-se que este dossiê atingiu mais um pináculo de tensão quando na votação final do Orçamento do Estado de 2021 os partidos da oposição (por iniciativa de BE e PCP) chumbaram a verba que teria de constar no OE para que o governo continuasse a verter dinheiro destinado ao NB.
Este revés (tal como o diferendo do reforço dos apoios sociais) também foi carimbado como contrário às regras do Estado de Direito, mas o governo defendeu logo que iria honrar os seus compromissos contratuais de alguma forma.
No OE, o governo quer fixar uma verba de 476,6 mil milhões de euros para o NB, mas não conseguiu no âmbito do OE2021. Tal como as Finanças, também o Conselho das Finanças Públicas assume este cenário. O contrato vai ser cumprido.
Na semana passada, o Novo Banco veio dizer que afinal até pode ser mais: 598 milhões de euros é o dinheiro que falta para equilibrar os rácios de capital.
“Independência e rigor na análise”, dizem as Finanças
Na nota desta quinta-feira, as Finanças recordam que esta auditoria especial “foi determinada, em cumprimento da Lei n.º 15/2019, de 12 de fevereiro, na sequência da injeção de capital no Novo Banco efetuada pelo Fundo de Resolução em 2020”.
A auditoria da Deloitte “analisa operações realizadas entre 1 de janeiro e 31 de dezembro de 2019, incluindo operações de crédito, participações e associadas, outros ativos (como imóveis e títulos) e ainda operações de venda de carteiras”.
As Finanças também garantem que esta auditoria é independente e de qualidade. “O relatório da auditoria especial foi ainda complementado por um mecanismo de garantia de qualidade da auditoria relativamente a operações específicas, como forma de reforçar a independência e rigor da análise.”
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