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O Ministro das Finanças diz que vai tentar acomodar os 40 milhões mensais a mais para os apoios sociais que o diploma aprovado no domingo por Marcelo Rebelo de Sousa provocam e que não será necessário um orçamento retificativo. “O que está aqui em causa não é a bondade da medida em concreto, mas o princípio que foi seguido. Esta medida altera uma das medidas do governo e apenas altera o modo de cálculo. Passa a contar toda a faturação, mas mais do que o impacto, é o principio e a violação de uma norma constitucional. Tem que ser avaliado com muita ponderação por todos, pode ser um precedente muito grave”, disse.
“40 milhões por mês vai depender do estado de confinamento, vamos tentar enquadrar isso no orçamento da segurança social, mas quanto ao impacto imediato, vamos estudar e ver como acomodar no orçamento. Não teremos necessidade de um retificativo”, sublinhou.
Quanto à possibilidade do governo recorrer ao Tribunal Constitucional, João Leão foi cauteloso: “Está em ponderação. A quem cabe executar o orçamento é ao governo e isso está na constituição. A lei travão serve para garantir que o orçamento é executado e que os partidos não aprovam medidas que não cabem no orçamento.”
Défice
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O ministro referiu-se ainda à questão do défice do último ano, que ficou abaixo do que estava previsto. “Passámos de um primeiro excedente de um orçamento para um dos défices mais altos dos últimos anos, mostra bem a dimensão do impacto da crise. Mas ficou muito abaixo das previsões, como na generalidade dos países europeus. A economia caiu 7,6%, mas o emprego caiu 1%, isso levou a melhores receitas fiscais e contributivas. Portugal acompanhou os restantes países.”
João Leão voltou a reforçar que “o Estado , na parte que tem a ver com os apoios à economia e às famílias, gastou bastante mais que o previsível, mais 800 milhões; na saúde previa gastar 500 milhões em medidas covid e gastou bastante mais que isso”, acrescentou
PDE
Quanto ao Procedimento por Défice Excessivo e aos valores que têm de ser comunicados a Bruxelas para o Pacto de Estabilidade , Leão diz que para 2021 até “vamos estar a prever uma redução do défice inferior, prevemos ligeiramente superior ao que estava antes. Reforçámos em muito os apoios às famílias e às empresas. Já executámos nos dois primeiros meses destes anos o equivalente ao que estava previsto no OE. A pandemia teve um impacto muito forte no início do ano, estamos a reforçar muito esse pacote de medidas”, afirmou, acabando por admitir que “o défice poderá ficar entre 4,5 e 5%” em 2021.
“Vamos ter que rever em baixa o crescimento deste ano, o ênfase tem que ser na recuperação económica e social da crise. Entendemos que aumentar impostos para financiar a pandemia é um caminho errado, vai ser um programa centrado na recuperação da economia e em forte investimento publico. Será para recuperar o país e prever um forte crescimento da economia nos próximos anos”, continuou.
Na entrevista na RTP, falou ainda das verbas a injetar no Novo Banco, voltando a afirmar que “será consideravelmente abaixo do que temos previsto no Orçamento do Estado”, e também falou sobre a TAP: “3725 milhões de euros e são as necessidades de financiamento da TAP, o Estado não tem que as financiar”, disse, admitindo, no entanto, que “o governo reconhece que parte do que emprestou será convertível em capitalização, para reforçar o capital da TAP”.
OE 2022
A terminar, João Leão deixou uma referência ao próximo Orçamento do Estado, para 2021, mostrando convicção de que “há condições políticas para o aprovar. A estratégia é de recuperação da economia, a orientação global é suficiente para receber apoios da maioria parlamentar e até mais alargada que no ano anterior”, concluiu.
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