Ainda sem conhecimento detalhado dos números do programa de estabilidade, Joaquim Miranda Sarmento acrescenta que o cumprimento das metas só acontecerá num quadro de recuperação total da realidade pré-pandemia.
“Para de facto chegarmos ao 4% tem de começar tudo a correr bem do ponto de vista do combate à pandemia, é preciso não voltar atrás no desconfinamento, é preciso não haver mais atrasos na vacinação e, em cima disso, é preciso que as exportações recuperem rapidamente e que o turismo no verão retome também grande parte da sua capacidade, nomeadamente com turistas estrangeiros”, prevê o economista.
Sobre a garantia de que não haverá austeridade ou aumento de impostos no curto prazo, Miranda Sarmento entende que está dependente do momento em que as regras orçamentais voltam a estar em vigor.
“A grande questão que se coloca neste momento é, ao nível do debate europeu, quando é que as regras orçamentais voltam a estar em vigor, se continuarão suspensas em 2022, e se haverá ou não alguma alteração nas regras orçamentais. Isso vai determinar o montante e a velocidade do ajustamento que as contas públicas terão que fazer”, afirmou, acrescentando que a economia portuguesa está “muito condicionada pela parte sanitária, pela recuperação económica e pelo que vier a ser a decisão europeia sobre as regras orçamentais.”
A força da pandemia no primeiro trimestre obrigou a uma revisão em baixa do PIB de 5,4% para os 4% este ano. O défice orçamental deverá situar-se no 4,5%. Quanto à taxa de desemprego, o ministro aponta para os 7,3%, com uma previsão de descida até 2025.
João Leão promete estabilidade fiscal para estes dois anos e refere ainda que as contas de 2019 e o alívio das regras europeias permitem a Portugal olhar para o futuro sem medidas restritivas.
A grande prioridade, diz o ministro, é a recuperação social e económica e não as regras orçamentais. João Leão recusa que seja necessário um orçamento retificativo para 2021.
Deixe um comentário