O antigo presidente da Caixa Geral de Depósitos (GGD), João Salgueiro, considera que a venda do Novo Banco é “difícil de explicar”. Em entrevista ao jornal Público, o banqueiro afirma que a venda não correspondeu às regras do concurso quando este foi lançado e deveria ter sido suspensa.
“A venda foi estranha por não corresponder às regras do concurso quando foi lançado. E isto não é aceitável e o concurso deveria ter sido suspenso e relançado”, apontou. Em causa está a venda do antigo BES ao fundo norte-americano Lone Star.
“Realizou-se um concurso que não chegou ao fim, e apareceu apenas um concorrente. A decisão final não foi assim o resultado de um concurso, mas de uma negociação com um único candidato. Foi um processo a que não se pode chamar de leilão”. Além de que, “o concurso não previa que o Estado concedesse ajudas ao comprador”. Algo que o Governo acabou por fazer, com 3,9 mil milhões de garantias ao fundo norte-americano”.
João Salgueiro defende que a operação não é aceitável. “As regras do Banco de Portugal diziam que o concurso podia ser suspenso em qualquer altura, desde que fosse para melhorar o seu resultado final. E quando, em abril de 2017 foi anunciado que o Lone Star tinha sido selecionado para ficar com o Novo Banco, disse-se que o comprador teria assegurado um mecanismo em que o Estado cobriria os prejuízos até 3,9 mil milhões. Tornou-se então flagrante que garantias tão avultadas configurariam uma venda em situação distinta dos objetivos estabelecidos inicialmente”.
Sobre à situação da CGD, o antigo presidente defende que a primeira responsabilidade é dos membros do Conselho de Administração, mas que estes não são “os únicos comprometidos”.
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