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O empresário José Berardo, mais conhecido por Joe Berardo, admitiu esta quinta-feira que se excedeu durante a sua audição na comissão parlamentar de inquérito à Caixa Geral de Depósitos (CGD), mas disse que não tinha a intenção de “ofender”.
“Tenho que admitir que, no calor da discussão, me excedi, dando algumas respostas impulsivas e não devidamente ponderadas”, pode ler-se num comunicado do empresário a que a Lusa teve acesso.
Joe Berardo disse que “certamente” não foi sua intenção “ofender quem quer que seja, muito menos faltar ao respeito devido à Assembleia da República”.
“Adoro o meu país e quem me conhece sabe que jamais faltaria ao respeito a um órgão de soberania”, acrescentou o empresário madeirense.
Joe Berardo classificou a sua ida ao parlamento como um “intenso interrogatório” durante “cinco horas e trinta minutos”, que foi “regido por regras políticas” que diz não dominar “nem querer dominar”.
Berardo acrescentou que lhe “teria sido mais fácil (…) não responder às perguntas” e esconder-se “em ataques de ‘amnésia seletiva’, como tem acontecido com frequência” na comissão de inquérito.
“Não o fiz, por respeito ao parlamento e aos portugueses”, indica o empresário no comunicado.
Joe Berardo considerou ainda uma “pena” que na audição de 10 de maio “ninguém” lhe tenha questionado “sobre o objeto dessa mesma comissão, a recapitalização da Caixa e os atos de gestão da mesma”.
“Desde essa data tenho servido de ‘bode expiatório’ de todos os males do sistema financeiro português desde 2007. Não vou aceitar passivamente”, declarou o empresário.
O empresário afirmou que na sua vida já esteve envolvido “em muitas batalhas”, que esta “é apenas mais uma e, por certo, não será a última”.
“Adoro o meu país, e jamais foi minha intenção ofender os meus compatriotas”, concluiu José Berardo.
A ida de Joe Berardo à comissão parlamentar de inquérito à CGD no passado dia 10 provocou um coro de críticas, desde logo pela forma como se dirigiu aos deputados.
Perante os parlamentares, o empresário madeirense declarou que é “claro” que não tem dívidas, uma vez que as dívidas aos bancos (incluindo o banco público CGD) não são dívidas pessoais, mas de entidades ligadas a si.
Berardo afirmou ainda que tentou “ajudar os bancos” com a prestação de garantias e que foram estes que sugeriram o investimento em ações do BCP.
Deu ainda a entender que os títulos de participação da Associação Coleção Berardo (a dona das obras de arte) que entregou aos bancos para reforçar as garantias dos empréstimos perderam valor com um aumento de capital em que as entidades financeiras não participaram, aparentemente porque não souberam que existiu.
A várias perguntas dos deputados, Joe Berardo disse ainda que deveriam era ser feitas aos bancos em causa: “Pergunte à Caixa, eles é que me emprestaram o dinheiro”, afirmou.
Já confrontado com a ideia de que a Caixa “está a custar uma pipa de massa”, respondeu: “A mim, não!”.
Em 20 de abril, CGD, BCP e Novo Banco entregaram no Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa uma ação executiva para cobrar dívidas de Joe Berardo, de quase 1.000 milhões de euros, executando ainda a Fundação José Berardo e duas empresas ligadas ao empresário.
O valor em dívida às três instituições financeiras totaliza 962 milhões de euros.
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