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O diretor da Escola de Hotelaria do Porto disse, nesta segunda-feira, que as novas gerações de trabalhadores formados em turismo são uma espécie de “salta-pocinhas”, que optam por experimentar vários projetos nacionais e internacionais até aos 27 anos.
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Em entrevista à agência Lusa no âmbito do Dia Mundial do Turismo, que se assinala esta terça-feira, o diretor da Escola de Turismo do Porto, Paulo Vaz, explica que muitos dos atuais estudantes finalistas de turismo não querem forçosamente emigrar, todavia, acabam por sair de Portugal para ter experiências laborais que vão mais ao encontro dos seus interesses, bem como para procurar remunerações mais elevadas das ofertas nacionais.
Segundo Paulo Vaz, os alunos da Escola de Hotelaria do Porto parecem autênticos “salta-pocinhas”, fazendo referência a uma raposa que usa artimanhas e a astúcia para procurar subir na vida, da obra “Romance da Raposa”, do escritor Aquilo Ribeiro, até por volta dos 27 anos de idade.
“Andam a saltar de uns sítios para os outros, às vezes com meses de intervalo. Às vezes não chegam a ficar um ano. Eles selecionam os projetos, chefes, restaurantes e as unidades hoteleiras onde acham que vão conseguir encontrar respostas aos seus interesses em termos futuros. E vão lá beber essa experiência. Depois saltam para outra, e depois mais tarde, com outro nível de maturidade, é que começam a pensar num percurso”, explica o diretor da escola.
As novas gerações não veem nas fronteiras portuguesas uma limitação para sua ambição profissional e para o desenvolvimento das carreiras.
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“Estes saltos passam por ir numa primeira fase para Espanha, depois são capazes de voltar ao Alentejo, depois saem e vêm para o Norte, e depois vão a Londres”, ou seja, “não há aqui uma intencionalidade de ir para o estrangeiro, mas antes ter experiências onde acham que vão conseguir encontrar respostas aos seus “interesses”, explica.
A juntar ao vai e vem dos novos trabalhadores qualificados, a falta de mão de obra cresce no setor turístico devido ao “inverno demográfico” e que faz a “tempestade perfeita” no setor turístico, observa Paulo Vaz.
“Há um fenómeno chamado inverno demográfico, ou seja, há menos jovens a serem formados, porque há menos jovens na população do país e isso também cria esta pressão extra sobre a oferta de recursos humanos para o setor”, disse.
Segundo Paulo Vaz, a remuneração é relevante, mas não é o único elemento de captação que permite aos formandos sentirem-se atraídos a aderirem a um projeto.
Há empresas que oferecem a assinatura de canais de televisão de Cabo como a Netflix, outras oferecem a inscrição e as mensalidades nos ginásios. Outras empresas optam por oferecer formação nas áreas de interesse ou dão a possibilidade de desenvolverem projetos próprios durante o tempo de trabalho.
A possibilidade de gerir os horários de trabalho ou dar três dias de folga para poderem trabalhar o resto dos quatro dias num outro modelo são outras “mais-valias” que os empresários dão e que ajudam as pessoas a aderir aos projetos em Portugal.
“Julgo que muitos dos problemas que estamos a atravessar tem a ver com as diferenças de gerações, de como cada uma vê a realidade. Temos de ter a capacidade de estar do lado de lá, chama-se a isso empatia. Ser capaz de estar do lado do outro e perceber o que é que de facto ele [o trabalhador] pretende”, concluiu Paulo Vaz.
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