Numa sala cheia de governadores de bancos centrais, o presidente da Comissão Europeia defendeu esta quarta-feira, em Sintra, que os líderes europeus não devem esperar pela próxima crise para fazer o que é necessário e que o Banco Central Europeu não pode defender o euro sozinho.
“Não devemos esperar pela próxima crise para fazer o que sabemos que temos de fazer. Para nossa própria soberania, temos que pensar novamente o papel estratégico que as moedas desempenham atualmente no mundo. E é por isso que a comissão definiu uma nova agenda para reforçar o papel internacional do euro”, diz Juncker.
No último dia do Fórum do BCE em Sintra, Jean-Claude Juncker defendeu ainda que o euro está mais forte, mas ainda há trabalho para fazer.
“Já podemos afirmar que a União Económica e Monetária da Europa está mais robusta do que nunca, mas ainda há muito mais a fazer. Precisamos de uma garantia de depósitos comum para completar a união bancária; precisamos de regras orçamentais mais simples e de uma função de estabilização para a zona euro e precisamos de construir um tesouro comum e desenvolver um ativo seguro para a zona euro ao longo do tempo”, diz.
Sem referir a atual discussão sobre o mandato do BCE que fixa o objetivo da inflação nos 2%, o ainda presidente da Comissão Europeia defendeu em Sintra a flexibilização das regras, e deu como exemplo 2016, quando a Comissão Europeia decidiu não aplicar sanções a Portugal e Espanha, e deixou elogios à estratégia dos governos.
“Pensem em Espanha e Portugal há três anos. Se tivéssemos tido uma abordagem rígida às regras orçamentais e aplicado sanções financeiras prematuramente, estes países não teriam um crescimento tão robusto e nem seriam capazes de corrigir as suas contas públicas”, afirmou.
“Também deve ser dado crédito aos governos destes países, que escolheram um caminho credível e colaborativo para benefício dos seus cidadãos”, concluiu Juncker.
As crises de Espanha, Portugal e Grécia marcaram a história do euro segundo Juncker, que não se esqueceu de agradecer a Mario Draghi por o ter acompanhado neste caminho, sobretudo, quando garantiu, em 2012, fazer “tudo o que fosse preciso” para salvar o euro, uma frase que marca estes 20 anos da moeda única.
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