//Khaby Lame, o tiktoker comediante que não abre a boca, veio a Lisboa pedir criatividade contra a IA

Khaby Lame, o tiktoker comediante que não abre a boca, veio a Lisboa pedir criatividade contra a IA

É conhecido no TikTok pela receita perfeita não para o desastre, mas para a comédia. Em vídeos de 30 segundos no máximo, Khaby Lame nunca fala, utiliza apenas gestos e expressões para criar sátiras de vídeos que circulam pelas redes sociais, mostrando que certas dicas online (como tutoriais para colocar alfinete de gravata ou lavar a loiça) são inúteis ou exageradas.

A voz, essa, raramente se ouve e, só por isso, já é uma relíquia, mas Khaby Lame veio apresentar o seu timbre à abertura Web Summit em Lisboa para deixar um apelo aos criadores de conteúdo. Têm medo da Inteligência Artificial? Então, “produzam, produzam, produzam”.

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“Agora é a hora de se criar conteúdo. Acho que a verdadeira comédia vem das pessoas. A IA agora está a dominar muitas redes sociais – eu nem consigo reconhecer o que é real e o que é falso. É bom que comecem a fazer algo diferente. As pessoas vão gostar de algo criativo e original”, apontou, ressalvando que “raramente” utiliza ferramentas de IA e que, no seu trabalho, “continua tudo bem” e que mal sente efeito dos conteúdos gerados por máquinas.

Ainda, assim, reconheceu que os perigos existem e, por isso, o conselho que deixou a “influencers” que possam sentir quebras no número de seguidores e na publicidade foi aquele que sempre seguiu – o do “trabalho árduo” e o de confiar.

Papa aos influencers: "Sejam agentes de comunhão e paz, vençam a lógica do mundo e das fake news"

“Depende de ti. Todos vão cometer erros, porque cometer erros é normal e é humano”, afirmou. “É confiar em Deus, porque Ele é bom e está sempre lá para ajudar. E continuar em frente até conseguir. Sem se deixar influenciar pelas outras pessoas: os limites das outras pessoas não são os seus limites”, aconselhou, perante uma plateia que irrompeu em palmas várias vezes perante a presença do “influencer” com nacionalidade italiana e senegalesa.

Tokens, o milagre de financiamento

Logo ao lado, de sorriso na cara, mas com ideias mais sérias, Mark Nelsen, diretor de produtos da empresa de cartões bancários Visa, aproveitou as deixas do humorista sobre o meio digital para abrir uma caixa de pandora: a criação de instrumentos financeiros específicos para os “influencers”, que chegam a faturar mais de 100 mil dólares por ano.

“Se pensarmos num criador, ele tem um acordo com uma marca e vê o dinheiro a entrar na conta bancária, mas não há maneira de associar o dinheiro que acabou de entrar a uma parceria específica. E isso não parece fazer sentido. Por isso, tentar otimizar este processo é uma enorme oportunidade para nós como empresa”, assinalou, no Palco Central da cimeira tecnológica.

O problema – que até acaba a travar investimento, diz Nelsen – é o preconceito de que esta ainda não é uma “profissão a sério”. Os prejuízos, claro, vêm primeiro para os criadores, mas depois para a economia, já que há bancos a recusar créditos a estas pessoas por não terem uma situação profissional estável ou convencional.

A solução por parte dos “influencers” não demorou a chegar e, confessa o responsável da Visa, foi “fascinante.”

Os criadores autofinanciam-se. Posso criar um ‘token’ e vender aos meus seguidores: «Se comprarem, garanto-vos 3% dos meus ganhos futuros durante dez anos». Assim, pode-se realmente investir num criador para lhe dar acesso a dinheiro que um banco não lhe daria. Com o tempo, já vemos estas estratégias serem implementadas de forma mais ampla”, elogiou.

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