A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, ainda não afasta risco de recessão ou de desemprego.

O alerta foi deixado esta segunda-feira à noite, na abertura do encontro anual da autoridade monetária, que decorre em Sintra.

Christine Lagarde avisa que, apesar dos juros já estarem a descer, nada garante ainda o que chama de “aterragem suave”.

“Dada a magnitude do choque inflacionista, ainda não está garantida uma ‘aterragem suave’. O que quero dizer com ‘aterragem suave’? Evitarmos uma recessão ou uma enorme deterioração do emprego”, sublinha a presidente do BCE.

Num discurso que iniciou ao mesmo tempo que o jogo da seleção portuguesa no Euro2024, Christine Lagarde recorreu a várias referências futebolísticas e deixou uma garantia: o BCE vai colocar a inflação nos 2%.

“Não vacilaremos no nosso compromisso de assegurar o retorno da inflação ao nosso objetivo, em benefício de todos os europeus. Como disse o grande futebolista e treinador Bobby Robson: ‘os primeiros 90 minutos são os mais importantes’. Não descansaremos até termos ganho o jogo e a inflação tiver regressado a 2%. Será preciso mais do que 90 minutos, mas chegaremos lá no devido tempo”, declarou.

Apesar das incertezas, a estimativa é que o objetivo seja cumprido até ao final do próximo ano. Até lá, as decisões sobre as taxas de juro vão continuar a ser tomadas reunião a reunião.

“A solidez do mercado de trabalho significa que temos tempo para recolher nova informação. Mas as perspetivas de crescimento também continuam a ser incertas.

Tudo isto apoia a nossa determinação em seguir uma abordagem dependente dos dados e reunião a reunião na tomada de decisões de política monetária. Projetando-se que a inflação regresse a 2% na parte final do próximo ano”, vaticina a presidente do BCE.

Christine Lagarde falava na abertura da 10.ª edição do Fórum Anual do BCE, que todos os anos tem juntado em Sintra responsáveis por bancos centrais, economistas e outros cargos de responsabilidade.

O tema deste ano é “Política monetária numa era de transformação”. Entre os convidados destaca-se Jerome Powell, presidente da Reserva Federal norte-americana, que ao contrário do BCE ainda não fez nenhum corte nos juros, desde a atual crise inflacionista.

O Fórum vai decorrer até quarta-feira, 3 de julho.