A paragem de mais de dois meses na Autoeuropa, iniciada esta segunda-feira por falta de peças, vai ter consequências em outras fábricas nacionais de produção de componentes para automóveis. Algumas delas terão mesmo de recorrer ao lay-off, devido ao impacto que a empresa de Palmela tem nas contas daquelas unidades de produção.
“Pelo facto de a produção estar parada há fabricas nacionais que pararão”, explica José Couto, presidente da Associação de Fabricantes para a Indústria Automóvel (AFIA), à Renascença. “É uma situação em cadeia porque os fornecedores de primeira linha têm fornecedores de segunda linha.”
O mesmo responsável não sabe contabilizar o número de empresas que terão de parar, apesar de haver muitas que vão baixar de forma considerável a produção pela importância que a Autoeuropa tem nas suas contas.
“Conhecemos pelo menos três empresas que terão de encontrar outras soluções para esta baixa de produção”, avisa José Couto, salientando, uma vez mais, que o levantamento global ainda não foi feito.
Ainda assim, José Couto destaca que no contexto geral da indústria nacional de fabricantes de componentes de automóveis esta não é uma situação cujo impacto será muito grande, isto porque a Autoeuropa tem a maior parte dos fornecedores fora de Portugal.
“As consequências podiam ser mais graves, porque a indústria portuguesa de componentes não produz muito para a Autoeuropa que recorre a fornecedores europeus”, sublinha, manifestando o desejo de a fábrica de Palmela aumentar, no futuro, as compras a empresas nacionais.
Ainda assim, José Couto avisa que a AFIA juntamente com o Ministério da Economia estão a avaliar as consequências para os fornecedores nacionais da multinacional alemã.
“Estão a estudar o assunto e nós vamos colaborar com toda a informação sobre a indústria que seja necessária. Não é uma solução fácil, e é uma situação que vai exigir que o ministério tenha capacidade de intervenção e sejam criativos”, analisa.
A Comissão de Trabalhadores (CT) da Autoeuropa reúne-se com a administração da empresa, nesta segunda-feira, para debater as condições financeiras do layoff, durante a anunciada paragem de produção de nove semanas na fábrica de automóveis de Palmela, no distrito de Setúbal.
A empresa revelou na quinta-feira que iria haver uma paragem de produção de nove semanas, de 11 de Setembro a 12 de Novembro, devido às dificuldades de um fornecedor da Eslovénia “severamente afectado” pelas cheias que ocorreram no passado mês de Agosto naquele país.
O layoff é uma medida que prevê a redução temporária dos períodos normais de trabalho ou suspensão temporária dos contratos de trabalho, devido a motivos de mercado, estruturais ou tecnológicos, incluindo catástrofes ou outras ocorrências que tenham afectado gravemente a actividade normal da empresa, desde que tais medidas se mostrem indispensáveis para assegurar a viabilidade económica dessa empresa e a manutenção dos postos de trabalho.
A Autoeuropa vale 1.5% do PIB nacional.
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