//Lesados do BPP ainda esperam por resposta 11 anos depois do fim do banco

Lesados do BPP ainda esperam por resposta 11 anos depois do fim do banco

Foi inédito e requereu a ativação do Fundo de Garantia de Depósitos (FGD). Corria o ano de 2010 quando, no dia 16 de abril, o Banco de Portugal deliberou a revogação da autorização para o exercício de atividade do Banco Privado Português (BPP). Face à “à indisponibilidade de depósitos verificada nessa altura”, o fundo foi ativado. Foi a única vez em que o FGD procedeu ao acionamento da garantia sobre os depósitos para reembolsar depositantes. No total, o valor acumulado dos reembolsos realizados ou reconhecidos pelo FGD nessa operação ascendeu a 104,3 milhões de euros, com base em dados referentes a 31 de dezembro de 2019.

O banco, que foi fundado em 1996, voltou agora a estar no centro das atenções, na sequência da fuga do seu fundador e antigo presidente, João Rendeiro.

O Banco de Portugal decidiu pôr um fim ao BPP depois de falhadas as possibilidades de tentar recuperar ou recapitalizar o banco. O capital social do banco era detido pela Privado Holding, liderada por João Rendeiro. O grupo tinha como principais acionistas João Rendeiro, Diogo Vaz Guedes, Stefano Saviotti e Francisco Balsemão.

Foi no dia 13 de novembro de 2008 que o “azar” bateu à porta dos depositantes e investidores do banco. O corte de rating por parte da agência Moody”s decretou o princípio do fim do banco que ficou na história moderna do país como um dos casos de polícia do mundo financeiro nacional. No dia 20 desse mesmo mês, Rendeiro solicitou ao Estado uma garantia para um empréstimo de 750 milhões de euros ao Citigroup e o pior começou a temer-se. O banco estava em sérios apuros; mas a medida foi chumbada pelo supervisor da banca, na altura liderado por Vítor Constâncio. Rendeiro acabou por sair da presidência do banco no final do mês.

No início de 2009, o banco foi alvo de buscas por parte das autoridades e o procurador-geral da República anunciou que estavam dois processos de investigação em curso.

Certo é que 11 anos depois, os clientes lesados pelo BPP ainda esperam por respostas. No dia 13 de setembro, a Associação Privado Clientes promoveu uma manifestação em Lisboa em protesto contra a demora no processo de liquidação; também contesta a ausência de informação financeira, indicando que as últimas contas são referentes ao ano de 2018. Os lesados defendem que parte da liquidez vinda da massa falida do banco seja distribuída pelos credores.