//Liderança de Macedo na CGD abalada por caso do assessor de Pinho

Liderança de Macedo na CGD abalada por caso do assessor de Pinho

Aumenta a pressão sobre Paulo Macedo à frente da Caixa Geral de Depósitos (CGD). O presidente executivo do banco público está no centro do polémico caso da alegada contratação fictícia de João Conceição, um assessor do antigo ministro da Economia, Manuel Pinho, num processo de alegado favorecimento da EDP. O caso remonta ao tempo em que Macedo era vice-presidente do BCP e responsável pela pasta dos Recursos Humanos, na equipa de Carlos Santos Ferreira.

Um relatório de auditoria do BCP, pedido em março deste ano pelo atual presidente do banco, Miguel Maya, aponta a Macedo a responsabilidade pela contratação do assessor de Pinho. O Millennium BCP confirmou que “prestou todos os esclarecimentos que lhe foram solicitados pelas autoridades competentes”, em relação ao caso.

As conclusões do relatório foram avançadas pelo Observador no final de agosto e, segundo o Público, o documento está nas mãos do Banco de Portugal desde a passada quarta-feira. O envio das conclusões da auditoria para o supervisor ocorreu cerca de um mês e meio depois de as mesmas terem chegado ao Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP). Irão agora seguir para o Banco Central Europeu, para que decida se Paulo Macedo de facto reúne as condições de idoneidade para liderar a Caixa.

Não foi possível obter um comentário do Banco de Portugal. A CGD e Paulo Macedo escusaram-se a comentar.

Relação com a EDP
O relatório do gabinete de auditoria do BCP consta dos autos do caso EDP e foi lido pelo Observador. Aponta que Macedo estará na origem da contratação do assessor do ministro em 2008. Conceição auferiu um total de 153 mil euros durante nove meses, apesar de nunca ter exercido o cargo de diretor para o qual foi contratado por trabalhar para o ministro. Ambos são arguidos no caso EDP.

O então ministro Manuel Pinho tinha a pasta da energia e o Estado era na altura acionista da elétrica, onde o BES também tinha uma posição. Por sua vez, a EDP era acionista do BCP, com presença no conselho de administração. Pinho terá recebido cerca de um milhão de euros do BES e alegadamente uma parte desse valor foi-lhe pago quando era ministro de José Sócrates.

A dita contratação terá resultado de um acordo entre Macedo e Manso Neto, administrador executivo da EDP. O BCP pagaria a Conceição um salário de 10 mil euros (14 meses), um bónus de 50% e seguros de saúde e vida. O custo seria suportado pela EDP. Os procuradores do caso creem que se tratou de uma compensação pela elaboração de legislação favorável à elétrica. O relatório cita e-mails enviados por Macedo que provam que Santos Ferreira, então presidente do BCP, tinha conhecimento da contratação.

Conceição é, desde 2009, membro do conselho de administração e da comissão executiva da REN.

Ver fonte