Os bancos abriram a torneira do crédito. Mas são cada vez mais os que dispensam empréstimos para comprar casa. Uma tendência que se verifica em praticamente todo o país, mas que é mais pronunciada na Área Metropolitana de Lisboa e no Algarve. Para o Banco de Portugal, esta é uma prova de que a subida dos preços das casas tem sido alimentada de forma mais significativa por estrangeiros, fundos e empresas, que compram a dinheiro, do que pelo crédito concedido pela banca.
“A redução do peso do financiamento bancário nas vendas é transversal às várias regiões do país mas a sua magnitude é maior na Área Metropolitana de Lisboa e no Algarve, regiões onde o investimento estrangeiro ou a compra de imóveis por parte de empresas poderão estar a ter um maior peso nas transações”, diz o Banco de Portugal no Boletim Económico divulgado esta quinta-feira.
A Área Metropolitana de Lisboa foi responsável por metade do valor das vendas de casas em Portugal. Entre junho do ano passado e o mesmo mês de 2018, as transações de imóveis de habitação totalizaram cerca de 22 mil milhões de euros no país. Na capital o valor das vendas ultrapassou os 10,6 mil milhões.
Mas apesar de ter representado quase metade das vendas, a Área Metropolitana de Lisboa absorveu menos de 40% do novo crédito concedido pela banca. Naqueles 12 meses, o novo empréstimo à habitação totalizou cerca de 7,4 mil milhões de euros. Desse valor, foram destinados 2,9 mil milhões de euros a famílias de Lisboa.
A capital é das zonas em que o crédito bancário tem o menor peso no total de compras. Por cada 100 mil euros transacionados na compra de casas apenas 27 mil euros proveem de crédito à habitação. No total do país é de 33 mil euros por cada 100 mil e na Área Metropolitana do Porto é de 36 mil. No Algarve o rácio é ainda menor. Apenas 12% do total das vendas de casas foi feita com recurso a crédito solicitado por residentes nessa região.
Crédito com menos peso nas compras de casas
Face aos anos antes do resgate financeiro a Portugal, o crédito é um fator mais secundário no mercado imobiliário. Nos 12 meses terminados em junho, o novo empréstimo à habitação foi equivalente a 33% do valor das casas compradas. Essa proporção é metade do que se verificava há oito anos, quando o crédito bancário totalizou mais de 65% do montante dos imóveis adquiridos.
O Banco de Portugal já fez alertas recentes sobre a evolução dos preços das casas. Em junho o supervisor admitiu que começavam a surgir sinais de “sobrevalorização”. Mas, já na altura, apontava que “o forte crescimento dos preços do imobiliário residencial tem sido
impulsionado pelo turismo e pelo investimento direto por não residentes”. Defendia que os bancos portugueses não estavam a ser “os principais dinamizadores deste mercado”.
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