A venda do EuroBic, cuja maior acionista é Isabel dos Santos, prossegue apesar do arresto de contas bancárias da investidora angolana em Portugal.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) confirmou ontem que “o Ministério Público requereu o arresto de constas bancárias, no âmbito de pedido de cooperação judiciária internacional das autoridades angolanas”, escusando-se a comentar sobre o possível arresto de património de Isabel dos Santos em Portugal.
Em Angola, além de contas bancárias, os bens da empresária foi também foram alvo de arresto. Para já, em Portugal, não estão arrestados bens de Isabel dos Santos, nomeadamente as participações que detém em empresas.
Segundo fontes próximas do processo, o acordo de venda de 95% do EuroBic ao Abanca não foi beliscado pelo anúncio do arresto em Portugal de que foi alvo Isabel dos Santos.
Isabel dos Santos é dona de 42,5% do EuroBic, detém 50% da Zopt – principal acionista da NOS -, é acionista indireta da Galp Energia e detém a maioria do capital da Efacec.
Isabel dos Santos tem estado sob investigação em Angola, desde 2018, e é a principal visada no escândalo Luanda Leaks, que resultou da análise levada a cabo pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação, que veio expor alegados desvios de fundos da investidora.
Alegadas transferências que terão passado pelo EuroBic colocaram o banco debaixo de fogo. Na passada segunda-feira, o banco anunciou um acordo para a venda de 95% do EuroBic ao Abanca, do grupo venezuelano Banesco.
O arresto das contas bancárias em Portugal foi noticiado ontem pelo Expresso, que referiu que as autoridades angolanas querem que sejam congelados bens e participações no valor de mais de 2,0 mil milhões de euros.
Segundo o Jornal Económico, o Ministério Público em Portugal solicitou o arresto de dezenas de contas bancárias de Isabel dos Santos e das suas empresas, bem como do seu marido Sindika Dokolo.
Mas a Efacec esclareceu num comunicado emitido ontem, ao fim da tarde, que as suas contas não se encontram arrestadas.
A filha do ex-presidente de Angola é arguida num processo naquele país por suspeitas de gestão danosa. O arresto de contas e bens foi justificado com um processo em que o Estado angolano exige a devolução de verbas, que alegadamente foram alvo de apropriação indevida pela investidora.
Além de Isabel dos Santos, foram constituídos arguidos em Angola quatro portugueses, incluindo Sarju Raikundalia, ex-administrador financeiro da Sonangol, Mário Leite da Silva, gestor de Isabel dos Santos e presidente do Conselho de Administração do BFA e Paula Oliveira, amiga de Isabel dos Santos e administradora da NOS. O outro arguido, Nuno Ribeiro da Cunha, ex-gestor do EuroBic, alegadamente suicidou-se depois de rebentar o caso Luanda Leaks.
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