O Banco BPI analisou todas as empresas ligadas a Isabel dos Santos referidas no caso Luanda Leaks, para detetar se tiveram eventuais operações suspeitas através de contas no banco.
O presidente-executivo do BPI, Pablo Forero, salientou, esta segunda-feira, que quaisquer eventuais operações suspeitas que o banco possa ter detetado ou venha a detetar só pode “partilhar com as autoridades”, nomeadamente eventuais operações de possível branqueamento de capitais.
“A única coisa adicional que fizemos (…) é que o Luanda Leaks deu uma listagem de companhias” ligadas a Isabel dos Santos. “Analisámos uma por uma para analisar se (alguma) tem ou teve conta no BPI”, explicou Forero, na conferência de apresentação dos resultados do banco de 2019. “Analisámos para ver se tínhamos alguma que tinha de ser analisada com mais atenção”, disse.
“Estamos tranquilos porque, sejam acionistas ou não, se tiver alguma suspeita comunicamos às autoridades”, destacou.
Sublinhou que o banco não deveria “ter problemas reputacionais, porque o Banco BPI foi sempre muito sério e muito rigoroso com todos estes aspetos (de comunicar às autoridades operações suspeitas). “Estamos tranquilos. Sempre cumprimos a lei”, afirmou.
Mas reconheceu que o caso Luanda Leaks “não ajuda a reputação dos bancos, em geral”.
O jornal Expresso noticiou no dia 25 de janeiro que Isabel dos Santos pagou a aquisição de um apartamento de luxo no Mónaco, num valor de 50 milhões de euros, através de uma transferência de uma conta do Banco BPI, do qual a empresária angolana era a segunda maior acionista.
Segundo documentos facultados ao Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação, analisados pelo Expresso, a compra foi feita por uma empresa sedeada em Malta mas foi paga através da conta do BPI em Portugal. “O pagamento daquela fração foi feito de forma faseada, através de um conjunto de transferências bancárias que começaram ainda antes da formalização do contrato de compra, que data de 22 de dezembro de 2015”, referiu o jornal. O Consórcio tem vindo a divulgar notícias com base em mais de 715.000 documentos, sendo a investigação denominada Luanda Leaks.
Atualmente o BPI é detido pelo espanhol CaixaBank, na sequência de uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) concluída em fevereiro de 2017. No final de 2018, o CaixaBank finalizou uma OPA potestativa sobre as ações não detidas no BPI e passou a ser dono da totalidade do capital do banco.
O BPI é parceiro de Isabel dos Santos no Banco Fomento de Angola (BFA), detendo 48% do capital do banco angolano. O BFA é controlado pela angolana Unitel, empresa detida em 25% por Isabel dos Santos. A empresária angolana já foi acionista do BPI mas vendeu a sua posição na OPA do CaixaBank.
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