
O banco não resistiu à descida das taxas de juro, responsável, pela queda dos resultados na primeira metade do ano. Em comparação com igual período do ano passado, o BPI fechou o semestre com um lucro de 274,5 milhões, menos 16%.
Só em Portugal, o lucro até junho é de 241 milhões, menos 10% face ao período homólogo.
“Estamos a metade das taxas que tínhamos há um ano”, explica o CEO do banco, João Pedro Oliveira e Costa, para justificar estes resultados.
A margem financeira encolheu 10%, para 441 milhões de euros. As comissões desceram 11%, mas este valor compara com 2024, ano em que o BPI registou um ganho não recorrente de 16 milhões. Sem esta operação, a redução das comissões é de 1%.
“Não só não aumentámos as tabelas, como em algumas áreas ainda fomos mais agressivos”, diz João Pedro Oliveira e Costa.
A remuneração média trimestral caiu, no crédito e nos depósitos, pelo quarto trimestre consecutivo, para 3,7% e 0,8%, contra 4,7% e 1,2%, respetivamente.
O crédito aumentou 7% e o crédito à habitação, em particular, subiu 10%, para 16.193 milhões de euros. Os depósitos aumentaram 5%.
BPI quase a esgotar garantia pública, admite pedir reforço
Apesar da descida dos resultados, o banco aumentou o crédito concedido nos primeiros seis meses. Para este crescimento contribuiu sobretudo o segmento da habitação, que subiu 10%, graças à garantia pública para os jovens.
O banco já celebrou 2.500 contratos com esta garantia, no valor de 467 milhões.
Contas feitas, a instituição financeira já esgotou 62% da quota de 149,5 milhões que tem disponível na garantia pública para crédito à habitação.
O CEO diz estar surpreendido com a procura e acredita que “rapidamente vamos esgotar” a quota. João Pedro Oliveira e Costa admite pedir ao governo um aumento da dotação, “se chegarmos lá e se for viável e estiver em cima da mesa, vamos fazer”. “O Estado terá todo o interesse em ajudar os jovens, para nós não aumenta o risco“, acrescenta.
O CEO garante ainda que a venda do Novo Banco aos franceses BPCE, depois do BPI ter manifestado interesse, não muda a estratégia do BPI. “Não estava no nosso mandato, não estava em cima da mesa o Novobanco. Continua tudo igual para nós”, garante.
“Portugal não pode menosprezar qualidades” de Centeno
O presidente do BPI elogia o currículo de Álvaro Santos Pereira, o antigo ministro da Economia e do Emprego, indicado pelo governo para assumir a liderança do banco de Portugal.
“É uma pessoa de trato muito fácil”, com um “currículo que fala por si”, diz João Pedro Oliveira e Costa.
No entanto, espera para ver o que vai fazer o novo governador. “Daqui a um ano falamos, quero ver na prática”, diz. “Espero que seja no mínimo do mesmo valor que foi o professor Mário Centeno”, sublinha.
O CEO do BPI deixou ainda fortes elogios ao governador cessante. “Apreciei muitíssimo a sua postura e comportamento”, diz, Mário Centeno “foi claramente um grande agregador do sistema e é uma pessoa muito respeitada internacionalmente. Aprendi bastante”.
João Pedro Oliveira e Costa acredita que ainda vamos ouvir falar de Centeno e espera que Portugal não esqueça este talento. “Tenho-o em alto valor. Portugal não pode menosprezar um português com aquelas qualidades e espero que se encontre um lugar disponível para uma pessoa com este valor”.
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