O presidente da Promovalor, Luís Filipe Vieira, disse hoje no parlamento que a dívida da empresa ao Novo Banco ascendia aos 227,3 milhões de euros em 2017, transferindo o seu património para um fundo que a reestruturou.
“Em setembro de 2017, a dívida do Grupo Promovalor ao Novo Banco ascendia a 227,3 milhões de euros”, dos quais 217 milhões referentes a capital, 8,9 milhões a juros e 1,4 milhões a comissões bancárias, disse hoje Luís Filipe Vieira na Assembleia da República (AR).
O também presidente do Benfica referiu ainda que “estes valores não incluem os empréstimos obrigacionistas, que ainda não se venceram, e cujo capital ascende a 160 milhões de euros”.
Segundo Luís Filipe Vieira, ouvido hoje na Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar às perdas registadas pelo Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução, este empréstimo tem pagamento “assegurado”, devido ao “desenvolvimento imobiliário dos ativos da Promovalor entregues ao fundo”.
O fundo em causa denomina-se Fundo de Investimento Alternativo Especializado, foi criado em novembro de 2017, e os seus ativos – adquiridos à Promovalor – são geridos pela C2 Capital Partners, uma empresa do gestor e antigo vice-presidente do Benfica Nuno Gaioso Ribeiro.
Segundo o gestor, foram “adquiridos ao Novo Banco 133,9 milhões de euros de créditos” e também “reestruturados pelo Novo Banco (isto é, mantiveram-se no balanço do banco) financiamentos existentes de 85,8 milhões de euros, perfazendo a operação o montante total de 219,7 milhões de euros”.
Hoje, Luís Filipe Vieira disse que em face do plano de negócios aprovado junto do Novo Banco, o desenvolvimento imobiliário dos ativos garante a realização de “dividendos que pagam a dívida assumida pelo fundo” e ainda “distribuições remanescentes capazes de liquidar o referido empréstimo obrigacionista tomado pelo então BES”.
“O banco está sempre garantido com o controlo total desses dividendos, uma vez que as obrigações são convertíveis em capital da Promovalor”, de acordo com Luís Filipe Vieira, que refere que o fundo “recebeu a totalidade do património para pagamento da dívida e juros e liquidação do referido empréstimo obrigacionista”.
Desta forma, o Novo Banco “recebeu tudo o que era preciso para liquidar o que restava em termos de dívida”.
“Eu, Luís Filipe Vieira, saldei tudo o que me foi solicitado, ainda que mantivesse as minhas garantias pessoais”, disse, explicando depois que 133,9 milhões de euros foram convertidos em unidades de participação no fundo, que este assumiu 85,9 milhões de euros em dívida, que a Promovalor ficou a dever 7,5 milhões de euros, e que os acionistas da empresa, incluindo o próprio presidente, entregaram cinco milhões de euros para o capital do fundo.
“A Promovalor, para além da entrega do património que estava hipotecado e que resultou do investimento com base nos empréstimos que contraiu, entregou património ao Fundo que não estava onerado, que não estava hipotecado”, vincou Luís Filipe Vieira.
Desta forma, segundo o presidente do Benfica, “não se projeta qualquer perda para o Novo Banco, logo para os contribuintes”.
Luís Filipe Vieira também salientou que não controla o fundo, sendo este controlado pelo Novo Banco, e mesmo que anteriormente o seu filho, Tiago Vieira, estivesse envolvido na C2 Capital Partners, o Novo Banco exigiu a sua saída da sociedade gestora dos ativos.
“Quero sublinhar que a intervenção da Promovalor neste Fundo está limitada a um representante no Comité de Investimento, sem poder vinculativo, como antes referi, e à presença na assembleia de participantes”, concluiu o presidente da empresa.
Deixe um comentário