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No seu primeiro discurso como 39.º presidente brasileiro, Lula da Silva começou por dizer que com a sua eleição a “democracia saiu vitoriosa”, no fim do que chamou uma Campanha de ódio abjeta”.
Lula da Silva agradeceu ao Supremo Tribunal Eleitoral por “ter tido a coragem” de “fazer prevalecer a verdade à violência” nos resultados das eleições.
Seguiu-se uma série de críticas à administração anterior, acusando-a de colocar “interesses de acionistas privados” acima do “interesse público”, para assumir o “compromisso de fazer o Brasil de todos para todos”.
Emocionado, o líder brasileiro falou sobre o regresso do flagelo da fome no país e disse que fará um governo focado na reconstrução das estruturas governamentais que considera terem sido destruídas pelo seu antecessor, o ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Se estamos aqui é graças à consciência política da sociedade brasileira e à frente democrática que formamos. Foi a democracia a grande vitoriosa, superando a maior mobilização de recursos públicos e privados que já se viu, as mais violentas ameaças à liberdade do voto”, disse logo no início do seu primeiro discurso como presidente.
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A “nossa mensagem ao Brasil é de esperança e reconstrução. O grande edifício de direitos, de soberania e de desenvolvimento que esta nação levantou vinha sendo sistematicamente demolido nos anos recentes. É para reerguer este edifício que vamos dirigir todos os nossos esforços”, acrescentou.
O governante lembrou que em 2002, quando venceu a primeira eleição presidencial, ele e os seus apoiantes diziam que a esperança tinha vencido o medo, no sentido de superar os temores diante da inédita eleição de um representante da classe trabalhadora.
E “ficou demonstrado que um representante da classe trabalhadora podia, sim, dialogar com a sociedade para promover o crescimento económico de forma sustentável e em benefício de todos, especialmente dos mais necessitados”, recordou.
Agora, porém, Lula da Silva disse ter recebido um diagnóstico assustado por parte do gabinete de transição.
“Esvaziaram os recursos da Saúde. Desmontaram a Educação, a Cultura, Ciência e Tecnologia. Destruíram a proteção ao Meio Ambiente. Não deixaram recursos para a merenda escolar, a vacinação, a segurança pública”, afirmou.
“É sobre estas terríveis ruínas que assumo o compromisso de, junto com o povo brasileiro, reconstruir o país e fazer novamente um Brasil de todos e para todos”, disse então.
Seguiram-se uma série de promessas para o futuro, desde o combate à fome ao objetivo de conseguir um país energeticamente “carbono zero”, passando pela proibição de porte de arma para cidadãos civis.
Tomada de posse
O líder progressista Luiz Inácio Lula da Silva foi este domingo empossado como o 39.º Presidente da República Federativa do Brasil numa cerimónia solene no Congresso Nacional, em Brasília.
“Prometo manter, defender e cumprir a constituição, observar as leis e promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil”, disse Lula da Silva.
O novo Presidente brasileiro já havia assumido o cargo por dois mandatos (2003 a 2010).
Lula da Silva foi recebido no Congresso pelos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, respetivamente.
A sessão solene de posse começou com uma breve intervenção do presidente do Senado, que homenageou o futebolista Pelé e o papa Bento XVI, recentemente falecidos, pedindo um minuto de silêncio.
Depois, seguiu-se o hino nacional e, em seguida, Lula da Silva confirmou o Compromisso Constitucional e assinou o termo de posse juntamente com o vice-presidente, Geraldo Alckmin.
No percurso entre o palácio do Planalto e o Senado,a multidão de brasileiros que aguardava o desfile em carro aberto de Lula da Silva não conseguiu esconder as lágrimas de emoção e felicidade ao ver passar ” o Presidente do povo”.
“Foram muitos anos de tristeza e de luta” desabafa António, de 81 anos, abraçando logo de seguida o seu neto.
“O povo único jamais será vencido” e “lula guerreiro do povo brasileiro” cantou-se com a máxima força e com o punho fechado na Esplanada dos Ministérios, onde milhares de brasileiros de todos os cantos do país rumaram para ver o futuro Presidente, que, para eles, nunca o deixou de ser.
Lula da Silva, estava ao lado da primeira-dama, Rosângela Silva, visivelmente sorridente e acenando muito aos apoiantes que acompanham a passagem do carro, um Rolls-Royce que serve a Presidência da República desde 1952 e é tradicionalmente usado nestas cerimónias,
O vice-presidente, Geraldo Alckmin e a sua mulher, Maria Lúcia Guimarães Ribeiro Alckmin, estavam no mesmo carro que o Presidente, protegidos por duas filas de seguranças, que fazem o percurso a pé.
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