O presidente executivo da Caixa Geral de Depósitos (CGD), Paulo Macedo, classificou de “desproporção” a existência de três comissões parlamentares de inquérito sobre o banco, mas ressalvou que não é “culpado” quem analisa a atividade da instituição.
Questionado sobre se os danos à reputação do banco são causados pelas comissões parlamentares de inquérito ou pelos atos de gestão passados na Caixa, Paulo Macedo disse hoje que “obviamente não é quem está a analisar ou quem está a resolver que é o culpado”.
“A questão […] são os fatores na origem, que não haja confusão sobre isso”, acrescentou seguidamente, durante a conferência de imprensa de apresentação de resultados do banco público (lucros de 282,5 milhões de euros no primeiro semestre).
Anteriormente, Paulo Macedo tinha classificado de “desproporção” a existência de “três comissões parlamentares de inquérito para uma entidade que está todos os dias a lutar por quotas de mercado”, referindo os danos à reputação do banco público.
“A Caixa reduziu a reputação em mais de dez pontos em 100”, e passou a “ter um índice reputacional inferior a outros bancos”, algo que de acordo com Paulo Macedo “representou uma perda de foco da área comercial”.
Segundo o presidente executivo da CGD, em seis meses “a Caixa fez cerca de 50% do total de notícias sobre a banca”, e como as “notícias sobre a banca são negativas”, o banco público “fez cerca de metade das más notícias sobre a banca”.
Sobre as conclusões da mais recente comissão parlamentar de inquérito, Paulo Macedo não deixou de dizer que “foi importante em termos do avanço no aprofundamento” de dossiês, para além de ter trazido “novas informações”, um aspeto que considera “essencial”.
Paulo Macedo concordou ainda com a ausência do conceito de “gestão danosa” do relatório final da comissão de inquérito, porque o banco também não é “juiz, nem tribunal, nem polícia”.
As principais conclusões da II Comissão de Inquérito à Recapitalização e Gestão da CGD cerram fileiras contra o Banco de Portugal, que falhou na supervisão, criticam a gestão do banco, que não foi sã nem prudente, a administração de Santos Ferreira, a falta de atenção de sucessivas tutelas e a responsabilidade política do Governo de José Sócrates no “período mais crítico de 2005-2008”.
Referem ainda que, na comissão, entre os depoentes, houve um grupo de poder que se encobriu, usando estratagemas como concertação de narrativas e falta de memória para encobrir más práticas de crédito.
De fora ficou a proposta do PSD de incluir no relatório final a ideia de que houve no banco público indícios de práticas de gestão danosa.
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