Da Autoeuropa saíram 192 mil veículos em 2020, uma queda face aos 254.600 contabilizados em 2019. O impacto nas exportações foi menor, mas representou 4,7% e a empresa é responsável por 1,4% do PIB nacional. Além disso, a unidade de Palmela fechou o ano com 5282 trabalhadores. A tudo isto somam-se ainda os impactos indiretos.
Mira Amaral defende que “a Autoeuropa é um bom exemplo do investimento direto estrangeiro que devemos captar para Portugal. É uma empresa industrial exportadora que abre novos mercados, permite fazer formação no posto de trabalho de jovens quadros e é integradora, abre mercado para os fornecedores (indústria de componentes).”
A Volkswagen Autoeuropa lidera as exportações, mas não está sozinha. Oito das dez maiores exportadoras estão ligadas ao sector: Autoeuropa (1º lugar), Bosch (4.º), Continental (5.º), Faurecia (6.º), PSA (7.º), Visteon (8.º), Aptivport (9.º) e Eberspaecher (10º).
Este é o retrato do cluster automóvel português, “uma grande história de sucesso”, defende Mira Amaral. A partir da Autoeuropa, foi possível desenvolver no país a indústria de componentes, “que faturou em 2019 11,9 mil milhões de euros, este ano irá faturar cerca de 10,7 mil milhões, devido ao covid, é responsável por 5% do PIB português e 16% das exportações portuguesas e emprega 63 mil pessoas.”
O futuro
“Os sucessivos governos têm conseguido aguentar a Autoeuropa”, diz Mira Amaral, mas será preciso mais do que isso no futuro. O antigo governante lembra que este é um sector em profunda transformação e o governo devia “preocupar-se e muito”.
“Era crucial desenvolver toda a cadeia de valor, desde a extração e produção de lítio, em que Portugal tem as maiores reservas da Europa, até à refinação desse lítio e à construção de uma fábrica de baterias. Essa era uma tarefa em que o governo se devia preocupar para defender o nosso cluster automóvel da transição do veículo de combustão interna para o veículo elétrico”, explica.
Com todas as marcas automóveis a apostarem fortemente nos veículos elétricos, é de esperar que a Volkswagen siga o mesmo caminho. Portugal tem de novo a oportunidade de se apresentar como um país competitivo, tendo em conta que o país “tem lítio nas minas e os maiores recursos de lítio da Europa”.
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