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Os 23 maiores bancos dos EUA passaram o designado teste de resistência (stress test) promovido pela Reserva Federal (Fed), conforme um relatório do banco central norte-americano divulgado na quarta-feira.
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Este resultado é visto como um sinal de que o sistema bancário dos EUA permanece resiliente, apesar da crise recente por que passou, que levou à falência dos bancos Silicon Valley Bank, Signature Bank e First Republic Bank.
O documento da Fed mostra algumas fraquezas relativas entre as instituições de dimensão média e os bancos ‘super regionais’, com alguns a obterem uma nota positiva, mas com uma ‘almofada’ de proteção mais pequena do que o habitual. Estes resultados podem levar alguns investidores e responsáveis políticos a darem mais atenção ao estado destas instituições.
Os dirigentes da Fed já deram a entender que podem endurecer os testes em edições futuras, devido à crise vivida no setor no início do ano.
“Temos de permanecer modestos em relação à forma como os riscos podem surgir e continuar o nosso trabalho para garantir que os bancos são resilientes em vários cenários económicos, choques económicos e outros casos de pressão”, disse Michael Barr, o vice-presidente da Fed com o pelouro da supervisão, em comunicado.
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Estes testes tornaram-se um documento anual de referência para o sistema financeiro dos EUA desde que começou a ser feito depois da designada Grande Recessão, relativa à crise financeira de 2008.
Os testes variam de ano para ano, mas por norma visam apurar o quão profundas podem ser as perdas no sistema bancário se a taxa de desemprego crescer acentuadamente e a atividade económica contrair severamente.
A Fed também usa eventos contemporâneos para determinar cenários. Por exemplo, já testou a banca Cintra a possibilidade de uma dupla recessão [recessão-recuperação-recessão] no seguimento da pandemia do novo coronavírus.
Nos testes de 2023, a Fed testou um cenário em que uma recessão global severa, que causa uma baixa de 40% nos preços do imobiliário comercial e um substancial aumento do espaço vazio nos escritórios, bem como um declínio em 38% nos preços das casas para habitação. No pior cenário, o desemprego seria de 10% – por comparação, é agora de 3,7%.
O imobiliário para escritório e serviços tem sido um ponto de preocupação para investidores e reguladores da banca, depois de as políticas de trabalhar a partir de casa terem permitido às empresas reduzir a quantidade do espaço de escritórios que necessitam.
Muitos dos bancos que investiram pesadamente em imobiliário comercial são de dimensão pequena e média e têm estado sob alguma pressão este ano.
No cenário ponderado, os 23 maiores bancos teriam uma perda coletiva de 541 mil milhões de dólares e o seu rácio de capital [que relaciona o capital com o risco] cairia de 12,4% para 10,1%. Estes valores são comparáveis com os de anos anteriores, segundo a Fed.
Um banco deve ter um rácio de capital de pelo menos 4,5%, para ser aprovado. A média coletiva está bem acima deste valor. Falhar este teste sujeitaria o banco em causa a restrições automáticas à sua capacidade de pagar dividendos aos acionistas e comprar ações próprias.
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