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As seis maiores instituições bancárias a operar no país alcançaram um resultado líquido agregado de 954,6 milhões de euros no primeiro trimestre, tendo lucrado cerca de 10,7 milhões de euros por dia até março, o que, comparando com o período homólogo, representa uma subida de 55%, segundo cálculos feitos pelo DN/Dinheiro Vivo.
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Em linha com o fim do exercício anterior, a Caixa Geral de Depósitos, o banco do Estado, voltou a protagonizar a maior subida dos ganhos, ao somar 285 milhões de euros, mais 95% face aos 146 milhões registados no primeiro trimestre de 2022. Do lado da banca privada, foi o BCP a instituição que mais lucrou desta vez – destronando o Santander em relação ao final do ano passado -, numa quase duplicação (90%) do resultado líquido para 215 milhões de euros, impactados por encargos de 102,8 milhões de euros gerados pelo polaco Bank Millennium, detido em 50% pelo banco português.
Na tabela dos ganhos absolutos, o banco presidido por Pedro Castro e Almeida ocupa o terceiro lugar, com os lucros a ascenderem de 155,4 milhões para 185,9 milhões de euros, uma diferença de 19,6% em relação ao período homólogo. E porque os números não se fizeram para baixo, o BPI também viu o resultado líquido aumentar 75%, somando 36 milhões de euros desde então, para 85 milhões, no final de março de 2023.
Ainda que de forma moderada comparativamente com as outras instituições financeiras, o novobanco subiu igualmente os lucros, para 148,4 milhões de euros, apontando o crescimento trimestral para uns ligeiros 4%. Por último, o Montepio. O mais pequeno dos seis bancos conseguiu lucrar mais no primeiro trimestre do que no aglomerado do ano passado: foram 35,3 milhões de euros, uma triplicação face aos 11,4 milhões obtidos até março de 2022.
Margem financeira assegura 2 mil milhões
A melhoria dos resultados foi alicerçada pela margem financeira, que conheceu um acréscimo consolidado de 70,3% face aos primeiros três meses do ano passado, altura em que o contributo foi de 1,2 mil milhões de euros. A diferença obtida entre os juros cobrados nos empréstimos e os juros pagos nos depósitos fez com que, no seu conjunto, a CGD, Santander Totta, BPI, Millennium BCP, novobanco e Montepio encaixassem 2,08 mil milhões de euros.
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Neste sentido, o banco liderado por Miguel Maya foi o que mais beneficiou da subida das taxas de juro, com 664,6 milhões de euros recebidos desde o início de janeiro (+42,8%), seguindo-se a CGD, com 611 milhões (+129,6%) e o Santander, com 267,7 milhões de euros. Logo atrás, surge o novobanco, ao embolsar 246,3 milhões (+84,5%), o BPI, com 206 milhões (+82%), e o Montepio, com 90,2 milhões de euros (+70,4%).
Findos os primeiros três meses do ano, e com a previsão de que o Banco Central Europeu (BCE) continuará firme na sua estratégia de inversão da política monetária, pelo menos até ao verão, numa tentativa de controlar a inflação, irá o setor bancário em Portugal superar os números de 2022?
Crédito e depósitos descem
Já antecipava o Banco de Portugal (BdP), no Inquérito aos Bancos sobre o Mercado de Crédito, que os pedidos de empréstimo, sobretudo para compra de habitação, tinham reduzido nos primeiros três meses de 2023.
Confirmando a tendência notada no final do ano passado, a carteira total de crédito dos maiores bancos do país sofreu perdas estimadas em 0,4%: em termos consolidados, o stock detido por estas instituições reduziu-se de 211,2 mil milhões de euros, no final de março de 2022, para 210,3 mil milhões de euros, no fim do primeiro trimestre deste ano. Só o BPI, o Montepio e o novobanco é que apresentaram crescimentos (ainda que tímidos).
Do mesmo modo, os depósitos de clientes não se escaparam, registando este produto, em termos consolidados, uma baixa de praticamente 0,4%. Os bancos em causa somaram 260,8 mil milhões de euros no primeiro trimestre, um valor que compara com os 261,8 mil milhões do período homólogo.
Segundo apontaram a maioria dos líderes das instituições bancárias, durante as apresentações dos resultados, a redução dos depósitos foi motivada não só pela fuga para os Certificados de Aforro (CA), como também pela amortização antecipada do crédito à habitação.
Por outro lado, e embora refletindo uma discreta subida de 2%, as comissões bancárias cobradas aos clientes pelos seis bancos durante o primeiro trimestre geraram uma receita global de 640,7 milhões de euros, tendo sido o BCP o que mais ganhou ao nível das receitas de comissionamento (195,4 milhões), sucedendo-se a instituição liderada por Paulo Macedo (149 milhões) e o Santander (121,7 milhões).
A CGD, Santander, BPI, BCP, novobanco e Montepio fecharam os primeiros três meses do ano com menos 74 balcões e 344 colaboradores, relativamente ao período homólogo. O Millennium foi o único dos bancos que somou trabalhadores (nove).
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