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Com os primeiros resultados positivos anuais divulgados pelo Novo Banco, fechou-se ontem o ciclo das apresentações de contas de 2021 relativas às seis maiores instituições bancárias a operar em Portugal que, no seu conjunto, alcançaram um lucro total de 1517,8 milhões de euros, um valor muito acima do ano anterior, marcado pelo arranque da pandemia em Portugal.
Aliás, em 2021, só o Millennium bcp baixou os lucros (-24,6%), de resto, a Caixa Geral de Depósitos foi a instituição com a maior parcela em resultados líquidos (583 milhões de euros) e o Novo Banco protagonizou a maior subida nos ganhos, ao conseguir superar os prejuízos de 1329,3 milhões de euros contabilizados um ano antes.
Também o Montepio deixou para trás os resultados negativos de 2020 e atingiu um lucro de sete milhões, o menor entre os seis bancos considerados. Sem contar com o Novo Banco, o BPI teria tido a maior ascensão nos lucros, ao crescer 292,4%.
Apesar dos números mais animadores, 2021, ainda impactado na banca pelas moratórias do crédito (uma das medidas para atenuar os efeitos colaterais da covid-19), foi também um ano pontuado por alguma convulsão social no setor, tendo chegado a ocorrer alguns protestos.
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Greves e manifestações foram os recursos escolhidos pelos sindicatos para promover iniciativas com reivindicações salariais, mas sobretudo contra o despedimento de trabalhadores no setor.
De facto, é agora possível apurar que saíram dos seis bancos 2843 trabalhadores no ano passado, um número engrandecido pelos 1175 que abandonaram o Santander. A segunda instituição com mais saídas foi o BCP (perdeu 724 funcionários), seguido pelo Novo Banco (menos 395 pessoas), o Montepio (menos 205), a Caixa (menos 200) e, por último, o BPI onde as perdas foram inferiores (144).
Os seis bancos em análise fecharam assim o ano com 29 241 empregados, contra os 32 084 ainda em funções um ano antes.
Muitas dessas saídas poderão estar relacionadas com o fecho de balcões, um movimento que se tem acentuado, sob o pretexto de uma maior digitalização da banca.
Nesse contexto, o Santander foi a instituição que mais balcões encerrou (79) – e que mais despediu -, seguindo-se o BPI (63), o Novo Banco (48), o Montepio (37) e a CGD, com apenas um fecho. No total dos bancos em causa, o país perdeu 272 balcões bancários, tendo permanecido abertos 2186 desses espaços na contagem a 31 de dezembro.
Positivo, mas quer nova injeção de capital
Ontem, então, foi a vez de o Novo Banco apresentar contas, com um resultado líquido de 184,5 milhões de euros em 2021. Trata-se do “primeiro resultado positivo anual do grupo desde a sua criação, sendo determinante para o fim do processo de reestruturação iniciado em 2017”, refere a instituição em comunicado.
Apesar da melhoria dos resultados, o banco liderado por António Ramalho anunciou que vai pedir mais uma injeção de capital de 209 milhões de euros ao Fundo de Resolução bancário relativa a 2021.
O banco justifica essa necessidade de capital devido ao impacto do novo regime de contabilidade e, sobretudo, a uma contingência relacionada com tributação dos seus imóveis.
Em 2017, aquando da venda de 75% do Novo Banco ao fundo de investimento norte-americano Lone Star, o Fundo de Resolução comprometeu-se a, até 2026, cobrir perdas com ativos tóxicos com que o Novo Banco ficou do BES até 3890 milhões de euros.
Até ao momento, ao abrigo deste acordo, o Novo Banco já consumiu 3405 milhões de euros de dinheiro público.
No entanto, fonte oficial do Fundo de Resolução citada pela Lusa mantém o entendimento de que não é devido qualquer pagamento ao Novo Banco.
“Apesar da insuficiência de capital apurada pelo Novo Banco, os dados disponíveis confirmam o entendimento do Fundo de Resolução de que, em cumprimento do Acordo de Capitalização Contingente, não é devido qualquer pagamento relativamente às contas do exercício de 2021”, disse a mesma fonte. As duas entidades já têm várias disputas em tribunal arbitral.
Com Lusa
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