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Mais de um quarto da população empregada portuguesa indicou gastar a maior parte do seu tempo profissional em trabalhos físicos, enquanto a média de utilização de dispositivos digitais para fins profissionais ficou abaixo da europeia, segundo dados do Instituto Nacional de Estatísticas (INE).
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“Do total de respondentes, 26,1% indicaram gastar a maior parte do seu tempo profissional em trabalhos físicos árduos e 15,2% em tarefas que exigem destreza manual. O setor primário (61,0%) e o secundário (25,7%) destacaram-se no tempo dedicado a estas tarefas, respetivamente”, refere o Instituto Nacional de Estatística (INE) nas conclusões do módulo ad hoc de 2022 do Inquérito ao Emprego, sobre “Competências profissionais”.
O instituto estatístico regista que há uma relação inversa entre nível de escolaridade e uso da competência de trabalho físico: “42,3% daqueles que completaram, no máximo, o 3.º ciclo do ensino básico indicaram fazer uso desta competência durante, pelo menos, metade do tempo de trabalho”, enquanto a proporção “diminui para 24,2% entre aqueles com ensino secundário e para 8,0% entre aqueles com ensino superior”.
Já entre as tarefas cognitivas, cerca de 13,5% da população-alvo do módulo indicou gastar, pelo menos, metade do tempo de trabalho a “ler manuais ou documentos técnicos que sejam necessários ou úteis à realização do trabalho”.
Neste campo, ao contrário do verificado nas tarefas manuais, é observado “um crescendo no uso da competência de leitura no local de trabalho: apenas 4,2% naqueles que completaram, no máximo, o 3.º ciclo do ensino básico, 12,4% naqueles com ensino secundário e 26,3% entre aqueles com ensino superior”.
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Em termos de tarefas sociais, incluindo comunicação verbal sobre assuntos de trabalho com pessoas da empresa, e com pessoas externas à organização onde se trabalha, bem como as tarefas de aconselhamento, formação ou ensino de outras pessoas, sejam elas internas ou externas à entidade empregadora, apenas 10,0% indicaram não despender qualquer tempo em interação com pessoas pertencentes à entidade empregadora.
“Como expectável, é no setor dos serviços (39,4%) que um maior uso desta competência social é observado, com destaque para as atividades de educação (53,3%), comércio por grosso e a retalho; reparação de veículos (48,7%) e de alojamento, restauração e similares (47,0%). O grupo profissional que mais tempo gasta nesta interação é a dos Trabalhadores dos serviços pessoais, de proteção e segurança e vendedores (51,6%)”, explica o INE.
O inquérito debruça-se ainda sobre o uso de dispositivos digitais, que aborda o tempo gasto a trabalhar no computador, tablet ou smartphone para fins profissionais – incluindo videochamadas e videoconferências, leitura e escrita de emails ou mensagens ou trabalho em programas de processamento de texto, cálculo ou de apresentação.
Neste campo, cerca de 36,6% indicaram gastar “pelo menos metade do tempo” nestas tarefas para fins profissionais. Estas ferramentas são, sobretudo, usadas no setor dos serviços, onde 31,3% disseram recorrer a estes dispositivos na totalidade ou maior parte do tempo profissional.
Destacam-se as atividades de informação e de comunicação (84,3%), financeiras e de seguros (83,9%) e de consultoria, científicas, técnicas e similares (71,4%).
Face à União Europeia a 27 países, Portugal é colocado na 15.ª posição entre aqueles que despendem a totalidade ou a maior parte do tempo de trabalho a fazer uso desta competência profissional (27,9%), contra uma média europeia de 28,5%.
Entre os métodos de trabalho, cerca de 29,8% dos respondentes indicaram que o seu trabalho envolve sempre ou quase sempre tarefas repetitivas, enquanto 4,1% indicaram que tal nunca acontece.
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