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Mais de metade dos jovens portugueses entre os 20 e 40 anos admitem despedir-se caso o regime de trabalho presencial passasse a ser obrigatório, segundo um inquérito da consultora Deloitte, divulgado esta segunda-feira, que dá conta que cerca de metade destes trabalhadores estão numa modalidade híbrida ou remota.
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“68% da Geração Z [com menos de 30 anos] e 75% dos Millennials [entre 30 e 40 anos] afirma que consideraria procurar um novo trabalho caso o seu empregador requeresse a sua presença física todos os dias”, de acordo com o estudo. “A flexibilidade é um dos principais elementos para estes portugueses, com cerca de um quarto dos inquiridos (25% da Geração Z e 26% dos Millennials) a afirmar que permitir o trabalho remoto para os colaboradores que assim o desejem seria uma boa medida das organizações para fomentar a flexibilidade e equilíbrio entre a vida pessoal e o trabalho”, concluiu a sondagem.
Relativamente à semana de quatro dias, cujo projeto-piloto arrancou, em junho, para 39 empresas dos setor privado, os jovens portugueses são mais favoráveis a este modelo de organização do tempo laboral do que os inquiridos a nível mundial. “39% da Geração Z e 44% dos Millennials portugueses são a favor da implementação desta medida para ajudar a promover um melhor equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, face a 32% da Geração Z e 31% dos Millennials a nível global”, lê-se no mesmo relatório.
Aumento do custo vida pressiona a procurar por segundos empregos
O aumento do custo de vida é principal preocupação para quase metade dos jovens trabalhadores portugueses. Seguem-se a saúde mental, a crise climática e o desemprego, denunciando um clima de grande apreensão com o cenário económico. Cerca de metade vive “de ordenado em ordenado” e tem receio de não conseguirem fazer face a todas as despesas, revela a Deloitte.
Aliás, grande parte dos inquiridos afirma que será muito difícil ou impossível tomarem grandes decisões como comprar casa (72% da Geração Z e 67% dos Millennials) ou constituir família (60% da Geração Z e 57% dos Millennials), se a economia não melhorar no próximo ano.
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Para suportar o aumento do custo de vida, há cada vez mais jovens à procura de segundos empregos. Em Portugal, 44% da Geração Z e 31% dos Millennials já o fazem, sendo os trabalhos esporádicos as ocupações mais procuradas como entrega de refeições ou aplicações de partilha de boleias (23% e 11%), gaming profissional (23% e 8%), trabalho em retalho ou restauração (21% e 8%) e treino desportivo (16% e 10%).
A procura por uma fonte adicional de rendimento é outro dos motivos que leva à acumulação de segundos empregos para 47% da Geração Z e 46% dos Millennials). E um número elevado de inquiridos revela ter aceitado um segundo trabalho para desenvolver capacidades e relações importantes (26% da Geração Z e 13% dos Millennials portugueses) e para transformar um dos seus hobbies numa atividade profissional (23% da Geração Z e 18% dos Millennials portugueses).
Níveis de stress, ansiedade e burnout continuam altos
Apesar de se registarem algumas melhorias, os níveis de stress e burnout ou esgotamento continuam altos. Cerca de 46% da Geração Z e 39% dos Millennials em termos globais afirmam sentir-se stressados durante grande parte ou todo o tempo. Em Portugal, os números aumentam ligeiramente: 49% para a Geração Z e 43% para os Millennials.
Para os portugueses, entre as preocupações que contribuem para esta sensação estão a saúde mental (53% e 33%), o futuro financeiro a longo prazo (52 e 48%), a saúde e bem-estar da sua família (52% e 46%) e as finanças do dia-a-dia (48% e 40%).
Há ainda uma quantidade significativa de jovens portugueses – 46% da Geração Z e 39% dos Millennials – que diz sentir-se muito stressado e em esgotamento devido à intensidade das suas obrigações profissionais, valores ligeiramente mais baixos do que os 52% da Geração Z e 49% dos Millennials que afirmam sentir-se em esgotamento a nível global. Em ambos os casos, os valores representam uma subida desde o ano passado, conclui o estudo.
O 22.ª edição do inquérito aos trabalhadores da Geração Z e aos Millennial, realizado pela Deloitte, recebeu respostas de mais de 22 mil jovens em 44 países, incluindo 400 em Portugal, sendo 200 pertencentes à Geração Z e 200 aos Millennials.
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