Partilhareste artigo
O governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, considerou hoje que a manutenção de garantias de Estado às empresas portuguesas pode “encorajar ainda mais endividamento” às companhias.
“Manter o apoio às empresas através de empréstimos garantidos pelo Estado pode não ser significativo quando a economia está a recuperar, já que pode encorajar ainda mais endividamento das empresas portuguesas”, disse hoje de manhã Mário Centeno numa intervenção na Conferência Comemorativa do 30.º aniversário da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), em Lisboa.
Para o responsável máximo do banco central, “usar os fundos para apoiar as empresas diretamente através de subvenções e subsídios permitiria o fortalecimento da situação líquida das empresas sem torná-las mais endividadas”.
Mário Centeno considerou “da maior importância a implementação de um modelo legal e jurídico efetivo de reestruturação empresarial”, e “no caso das empresas consideradas não viáveis, expedir processos de liquidação e insolvência ganha particular relevância”.
Subscrever newsletter
O governador referiu-se ainda concretamente ao “fluxo sem precedentes de fundos para a economia portuguesa”.
“Isto oferece vastas oportunidades, mas também desafios consideráveis. A falta de fundos não pode ser responsabilizada por crescimento moderado e falta de competitividade”, vincou Centeno.
Assim, o antigo ministro das Finanças assinalou que “as políticas públicas devem ser desenhadas para assegurar que estes fundos têm o melhor uso possível, aumentando o […] crescimento potencial e uma recuperação sustentável”.
Para as empresas portuguesas, os fundos europeus consubstanciam “uma oportunidade única e excelente” para se prepararem “para um mundo digital e mais verde”, afirmou.
“E esta é uma excelente oportunidade para desenvolver mercados financeiros que cuidem. Que se importem com futuro e que se importem com a sustentabilidade. Fundos públicos e privados devem juntar esforços através dos mercados de capitais para contribuir para esses objetivos, que são mundiais”, sustentou.
Falando num evento da CMVM, Mário Centeno assinalou ainda que a “pequena escala do mercado de capitais português é uma fraqueza que existe há muito”, considerando que o cenário atual “constitui um tempo preferencial para abordar” a questão.
“É difícil dizer hoje se esta é uma transição, uma série de transições, ou uma metamorfose mais profunda nos nossos sistemas económicos”, disse.
Deixe um comentário