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Na sua primeira intervenção na nova Assembleia da República e a coincidir com a sessão solene do 25 de Abril, Marcelo Rebelo de Sousa centrou a sua intervenção no papel das Forças Armadas, das quais é Comandante Supremo, e na necessidade de as dotar de meios, sobretudo “nestes tempos de guerra”. Mas com uma advertência: “É urgente essa vontade popular”.
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Ou seja, o Presidente da República admitia que para existir esse investimento nas Forças Armadas é preciso que haja entendimento entre o Parlamento e Governo, mas ele só será efetivo se recolher o apoio popular.
“Mesmo quando faltam meios são as melhores das melhores”, mas, advertiu “não nos habituemos aos milagres”.”Neste tempo, em que a guerra surge como mais real” e a pandemia impõe mais desafios,” não é demais pensar nas FA que temos e nas que precisamos de ter”, disse Marcelo.
Pelo que para dotar as Forças Armadas de mais meios, insistiu, se “os portugueses não perceberem, não aderirem e não apoiarem, não há poder político que o consiga”. “É urgente essa vontade popular”.
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Santos Silva foca-se nas comunidades
Depois de ter iniciado o discurso com referências à guerra na Ucrânia, o presidente do Parlamento referiu que “”em tempos tão difíceis, as características da nossa pátria como uma democracia madura, um país seguro e pacífico e uma sociedade coesa e aberta ao Outro, emergem como um valioso património e um exemplo internacional”.
“Se a mudança social e política associada ao processo de democratização do nosso país, no pós-25 de Abril, influenciou sobremaneira o estatuto e os percursos dos residentes no estrangeiro, estes também foram decisivos para o sucesso da democracia e do desenvolvimento nacional”, referiu.
A intervenção do presidente da Assembleia da República esteve interrompida durante alguns minutos, depois de um funcionário do Parlamento ter caído inanimado. Depois de minutos de apreensão, Ricardo Batista Leite (deputado do PSD) e António Lacerda Sales (secretário de Estado Adjunto e da Saúde) – ambos médicos – acudiram rapidamente ao local onde estava o funcionário, que entretanto já se encontra estabilizado.
PS e PSD focam-se nos extremismos
Durante o discurso, o líder do PSD, Rui Rio, referiu que existem “novas forças extremistas que procuram saciar impulsos emotivos de quem está mais fragilizado”, para o social-democrata, “a solução não são absurdos cordões sanitários. A solução está em nós próprios, em romper com tudo aquilo que não funciona de acordo com a lógica do interesse coletivo”.
Para Rui Rio, “se queremos um Portugal virado para o futuro, que não se atrasa cada vez mais na escala europeia, então teremos de ter o rasgo de fazer diferente. Os que, há 48 anos, nos deram a liberdade e a democracia merecem que assim o façamos”, rematou.
Também Pedro Delgado Alves, do PS, alertou, no seu discurso, para os “dias de ameaças populistas e de recurso à simplificação do que é complexo para instigar ressentimentos entre os cidadãos”, pelo que “a qualidade das instituições democráticas nunca foi tão importante, o respeito pelo outro nunca foi tão fundamental, a preservação do Estado social nunca foi tão decisiva para nos imunizar contra esses riscos”.
Durante o discurso, Delgado Alves fez questão de “honrar” a memória dos que resistiram, sofreram e tombaram pelo 25 de Abril, e entre eles o antigo líder socialista e Presidente da República, Jorge Sampaio, o que arrancou aplausos de pé à bancada do PS. Também Rui Tavares aplaudiu de pé a evocação da memória do ex-presidente.
Chega e IL. O “adversário” Marcelo e
“Portugal num longo sono”
O líder do Chega foi o escolhido para discursar nesta sessão solene do 25 de Abril. André Ventura começou por dizer que “”hoje e talvez nunca tenha sido dito nesta câmara: devíamos ter pedido desculpa aos portugueses, pela justiça, nos jovens a querem emigrar como nunca, falhámos aos pensionistas e ao país”.
Em tom acusatório, André Ventura apontou também a Marcelo, a quem chamou “adversário” após as presidenciais.”Se nós queremos ter entre os condecorados pessoas que destruíram economia e o Estado, certamente não é a fazer deles heróis que resolvemos isso”, diz Ventura.
Durante a intervenção, o líder do Chega atira ainda que “o 25 de novembro é o dia de Liberdade”. Há deputados que saem do hemiciclo. O que os deputados do Chega fizeram quando o hemiciclo entoou a Grândola, Vila Morena, em uníssono, com os convidados da Associação 25 de Abril que se encontravam nas galerias e já no final da sessão.
Um jovem deputado, nascido nos anos 90, foi a voz da Iniciativa Liberal. Bernardo Blanco afirmou que que “Portugal está de novo num longo sono”, que é “preocupante”., e que Portugal está estagnado, socialmente hipnotizado e politicamente desligado.
A boa notícia, disse, “é que Portugal não está condenado”, assegura e diz que “falta a Portugal o inconformismo de Abril para romper a estagnação”. E foi o primeiro deputado a falar da guerra da Ucrânia. “Todas as pessoas livres – onde quer que vivam – são cidadãos da Ucrânia,
PCP e BE invocam valores de Abril
O primeiro deputado a discursar em representação de um grupo parlamentar, o deputado José Soeiro, do Bloco de Esquerda, começou por lembrar os trabalhadores do Parlamento, da limpeza e de apoio, para frisar que poucos se lembrar dos que estão nos “bastidores da Democracia”.
“Que atenção temos dado enquanto sociedade, a todas estas pessoas sem as quais o mundo não funciona?” – interpelou a câmara.
José Soeiro garantiu ainda que “falta-nos ainda quase tudo”. E entre o quase tudo, destaca o Estado-social, a habitação, as divisões sexuais, os “padrões de colonialidade que ainda existem”. “Não nos nos digam que o debate é entre qual quer simplesmente manter o que existe e quem quer destruir o que existe. Que triste e que pobre visão do mundo a de quem acha que o campo dos possíveis da democracia se resume a sermos democratas liberais ou iliberais”, assegurou.
Também a líder parlamentar do PCP, Paula Santos, invocou os valores de Abril. Segundo a porta-voz comunista, “a Revolução pôs fim à exploração e à miséria que afetava a esmagadora maioria da população e trouxe a melhoria das suas condições de vida”, começou por dizer.
No discurso, Paula Santos apontou também à direita e às políticas que diz serem uma “submissão às imposições da União Europeia”. Segundo Paula Santos, “ouvem-se por aí velhas ideias mascaradas de modernas”. “Há quem procure branquear o que foi o fascismo. Não o permitimos”, atirou.
Livre e PAN. A “luta pela igualdade” e o Abril “sem rosto de mulher”
De cravo ao peito, Rui Tavares foi o primeiro deputado a intervir na sessão.
Recorrendo ao exemplo dos pais, o deputado do Livre começa o discurso a dizer que “esta é a nossa história”.
“É a história de milhões de pessoas, muitos e muitas que não foram tudo aquilo que deviam ser. Do 25 de Abril em diante, não é só a história do pluralismo. É a história da liberdade”, considera Rui Tavares.
Depois do deputado-único do Livre, foi Inês Sousa Real a discursar.
“Abril ainda não tem rosto de mulher”, disse a líder do PAN, fazendo referência à escritora bielorrussa Svetlana Alexievich. “Quando ainda temos uma justiça lenta e que não permite defender as vítimas, Abril está por cumprir”, rematou Inês Sousa Real.
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