//Marcelo promulga lei que fixa margens nos combustíveis. ERSE desconhece impacto da medida nos preços

Marcelo promulga lei que fixa margens nos combustíveis. ERSE desconhece impacto da medida nos preços

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, promulgou esta quarta-feira a lei que vai permitir ao governo limitar as margens máximas da comercialização dos combustíveis, impondo limites sempre que o regular funcionamento do mercado esteja em causa, verificando-se aumentos nos preços que não se justifiquem. Este diploma é a principal arma do executivo para controlar os preços dos combustíveis, em situações de exceção no setor, como a que se vive hoje. Contudo, segundo a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), que deverá indicar ao governo em quanto se regulará as margens de lucro das petrolíferas e gasolineiras, ainda não é possível identificar “quaisquer impactos” no mercado e nos preços que decorram desta Lei.

Numa nota colocada no portal da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa escreve que a lei em apreço “adota medidas paliativas, indispensáveis e urgentes”, apontando, porém, três questões cuja solução o diploma não apresenta.

Para o chefe de Estado, o diploma promulgado não reequaciona “globalmente os impostos sobre os combustíveis, que há muito existem e são elevados”. Marcelo lembra que a carga fiscal corresponde a “escolhas políticas, quanto à substituição de energias fosseis pelas novas energias limpas, e, também, quanto à facilidade e eficácia do recurso a esses impostos indiretos no quadro da política fiscal e da despesa pública a cobrir”.

O Presidente da República defende também que a lei promulgada seja de “curta duração, por natureza”. Isto é, não tem capacidade para “enfrentar aumentos sucessivos e prolongados, por efeitos desta fase da pandemia, que não terminou, por desajustamento entre procura e oferta, por travagem no investimento nas energias renováveis, pela contingência no fornecimento de gás, pela necessidade de posições comuns dentro da União Europeia e com as principais potências energéticas do mundo”.

Por isso, as ações previstas no diploma “não podem iludir uma situação que se vive à escala do globo, na realização das metas de substituição de energias e transição energética e um período de tempo mais longo e mais custoso nesta fase de utilização das novas energias”.

Contudo, o inquilino do Palácio de Belém reconhece que, “apesar das evidente limitações”, esta lei é “um pequeno passo para mitigar uma situação de emergência económica e social, que mais do que justifica a intervenção do Estado no mercado”. Daí a promulgação, ainda que Marcelo reforce que se trata de medidas “paliativas” para suavizar os custos sociais do preço dos combustíveis.