A ex-ministra das Finanças disse esta quinta-feira, no Parlamento, que não foi discutida entre o Governo e o Banco de Portugal a possibilidade de recapitalização pública do BES com recurso à linha da troika. Maria Luís Albuquerque garante que nunca estabeleceu nenhum teto para a capitalização do Novo Banco.
“Não foi”, respondeu a antiga ministra à deputada Mariana Mortágua, do BE, na primeira pergunta durante a sua audição Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar às perdas registadas pelo Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução, quando questionada “em que moldes é que a possibilidade de recapitalização pública foi discutida” entre as partes.
A deputada deduziu então que, “portanto, o Banco de Portugal quando falou publicamente da linha de recapitalização pública estava a falar de uma possibilidade teórica que não foi discutida diretamente com o Governo”.
“Exatamente. Havia essa possibilidade prevista na legislação, mas não chegou nunca a ser discutida em concreto com o Governo”, respondeu Maria Luís Albuquerque.
A ex-ministra das Finanças garante que nunca estabeleceu nenhum teto para a capitalização do Novo Banco.
Maria Luís Albuquerque afirma que não tinha competência para isso e foi o Banco de Portugal que decidiu os 4,9 mil milhões de euros.
A ex-ministra das Finanças disse ainda que considerou muito dinheiro os 4,9 mil milhões de euros decididos pelo Banco de Portugal.
Choque e mentira
Na comissão parlamentar, a antiga ministra dos governos de Passos Coelho revelou que teria ficado em estado de choque se o montante de recapitalização do BES tivesse sido 8 mil milhões de euros.
Foi esta a resposta de Maria Luís Albuquerque à deputada Cecília Meireles, do CDS, que quis saber qual seria a reação do Governo se a recapitalização tivesse atingido este valor.
A ex-ministra das Finanças negou qualquer ligação entre a saída ‘limpa’ do programa de assistência financeira da ‘troika’ e o conhecimento dos problemas no Banco Espírito Santo.
Questionada pela deputada Cecília Meireles acerca da “acusação que tem sido recorrente em relação ao Governo de então [PSD/CDS-PP], e sobretudo em relação à senhora ministra e ao seu ministério, de que a situação no BES era conhecida há muito tempo e que só foi revelada a determinada altura do tempo para que fosse ter uma saída ‘limpa'”, a antiga governante rejeitou.
“É mentira, objetivamente”, respondeu Maria Luís Albuquerque na Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar às perdas registadas pelo Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução.
Carlos Moedas, antigo secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro do governo de Passos Coelho, vai ser ouvido na comissão de inquérito do Novo Banco na próxima terça-feira.
De acordo com a página da Assembleia da República, esta audição (marcada para as 9h30), é uma das três audições desta comissão de inquérito agendada para a próxima semana, que ouvirá ainda Carlos Calvário, antigo diretor do Banco Espírito Santo, e Luís Seabra, antigo diretor do departamento de auditoria interna do Novo Banco.
[notícia atualizada às 13h51]
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