Mário Ferreira mantém 2,5% do capital da Cofina, mas para o novo dono de 30% da Media Capital, depois da desvalorização das ações do grupo dono do Correio da Manhã após o fim da compra da TVI neste momento os títulos são “lixo”. O empresário dono da DouroAzul admite que pode voltar a olhar para ativos de media.
“Fiquei agarrado a 2,5% da Cofina, sou acionista de referência porque tenho mais de 2%. Mas só tenho porque o engenheiro Paulo Fernandes, numa altura em que achou que lhe daria jeito ter um acionista como eu, me pediu para investir, e ir ao aumento de capital”, diz Mário Ferreira, em entrevista à Rádio Renascença. “Disponibilizei 20 milhões de euros meus, da minha empresa, para investir nesse negócio. Fui comprando ações, estavam a um preço bastante mais alto, mas como ele abandonou o negócio da forma como abandonou, as ações passaram para metade”, continua.
“Obviamente não as quero para nada, para mim são lixo, como é o jornal de que ele é proprietário. Mas tenho-as porque estou a perder umas centenas de milhares de euros nas ações, e neste momento não faz sentido nenhum vendê-las. Vou aguentando. Tenho poucas esperanças, a ver se o preço melhora. Se não acontecer qualquer dia vendo-as, não sei.”
O empresário tinha estado envolvido na tentativa de compra da TVI pelo grupo Cofina, liderado por Paulo Fernandes, mas depois do abandono do negócio, por ter falhado por cerca de 3 milhões de euros o aumento de capital de 85 milhões da Cofina, Mário Ferreira avançou sozinho para a compra de 30% do grupo dono da TVI e da rádio Comercial.
As relações entre os empresários já viveram melhores dias. “Eu, e o engenheiro Paulo Fernandes teve provas disso, sempre fui amigo e leal. Ele convidou-me, pensava eu pela amizade que me tinha, agora tenho dúvidas fruto do que se passou ontem [quinta-feira] e se passa hoje [sexta-feira] de ter decidido fazer um ataque com mentiras dentro do que é o estilo do Correio da Manhã, arrastando todos os outros meios, até credíveis, como o Jornal de Negócios e a Sábado, para um ataque pessoal, e sem disfarçar”, diz Mário Ferreira.
“Dizia no próprio ataque − das mentiras fabricadas sem qualquer novidade editorial, nem notícia nova, histórias fabricadas − que eu seria concorrente de uma oferta da Cofina. O que aconteceu é que o engenheiro Paulo Fernandes só não ficou com a Media Capital porque não quis. Não há outra razão aparente. Ele sabe disso, todos sabemos disso, e o resto que possa vir são histórias. Que ele se tenha arrependido, acho que todos temos o direito de nos arrependermos de alguma coisa, a forma é que está errada”, diz.
“Depois dessa altura (da desistência da compra) nunca mais voltei a falar. Não tenho sequer intenções de falar, depois do que se passou ontem a remota chance que poderia haver de voltarmos a falar desapareceu”.
Media Capital, Cofina e Eco são media onde o empresário é acionista. Está a estudar mais oportunidades?
“Até parece que tinha como estratégia investir nos media, nunca tive. Fui convidado para investir no Eco, pelo diretor António Costa, e achei que era um projeto interessante e com valor, e investi, sem qualquer tipo de interesse. Em relação à Cofina e ao aumento de capital, para a aquisição da Media Capital, investi porque era um desafio do engenheiro Paulo Fernandes e achei que o projeto fazia sentido, acreditei no que ele me disse”, diz.
Mas deixa a porta aberta para eventuais futuros investimentos no sector. “Agora se me disser que pode haver uma rádio, um jornal, que esteja isolado, e que seja uma marca muito boa e que possamos ajudar, acho que sim, se for necessário”, diz. “Posso estar a ver (algum media no mercado), mas não lhe ia dizer, neste momento.”
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