//Mecanismo ibérico para reduzir preço da luz beneficia até 44,3% do mercado português

Mecanismo ibérico para reduzir preço da luz beneficia até 44,3% do mercado português

O mecanismo criado por Portugal e Espanha para fixar o preço do gás para a produção de eletricidade, e assim travar a subida dos preços da luz na Península Ibérica, beneficiará até um total de 44,3% dos consumidores no mercado português, de acordo com o presidente da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), Pedro Verdelho.

Numa audição parlamentar da Comissão de Ambiente e Energia, quando questionado por Bruno Dias, deputado do PCP, sobre que universo de consumidores abrangido pelo mecanismo e quem assume os custos da medida, o líder da ERSE explicou: “em junho tínhamos uma procura exposta ao mercado spot de 18% da procura nacional. São esses 18% que beneficiam diretamente da intervenção e que pagam, em igualdade de circunstâncias com a procura que também se afirma em Espanha, o subsídio que foi referido”.

Pedro Verdelho prosseguiu indicando que, ao longo do tempo, “num período anual de junho a maio do próximo ano” – medida vigora até 31 de maio de 2023 – a percentagem de consumidores beneficiários “tende a aumentar”.

“Em termos médios, esta procura que depende dos preços de mercado durante a vigência do mecanismo – e com base na informação reportada – assume um valor percentual de 44,3%”, afirmou o presidente do regulador da energia.

De acordo com Pedro Verdelho, este universo de consumidores visa apenas quem está totalmente ou parcialmente exposto ao mercado spot, cujos preços estão indexados ao Mercado Ibérico de Eletricidade (MIBEL). O mecanismo não visa, por isso, quem tem contratos com tarifas fixas, nem “tarifas de acesso às redes, nem tarifas de uso global de sistema”.

Os últimos dados do regulador energético indicam que, em Portugal, o mercado regulado da eletricidade abrange cerca de 927 mil famílias, enquanto, 5,4 milhões de consumidores estão no mercado liberalizado. Segundo uma fonte setorial conhecedora deste processo, citada pelo Dinheiro Vivo em abril – quando o mecanismo ainda estava a ser negociado – o número de contratos ao abrigo de tarifas spot é “residual”, atualmente.