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O ministro das Finanças português, Fernando Medina, afasta um efeito de contágio na zona Euro da turbulência bancária dos EUA, provocada pela falência do Silicon Valley Bank (SVB) e do Signature Bank.
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“O sistema europeu está muito mais robusto, desde a crise financeira (2008) e, por isso, as duas realidades não são comparáveis, é preciso lembrar os passos muito importantes que foram dados a nível europeu”, afirmou esta segunda-feira o governante português à entrada da reunião dos ministros das Finanças da Zona Euro (Eurogrupo).
O governante quis pôr água na fervura, depois de, na manhã desta segunda-feira, todas as praças europeias terem aberto a sessão a perder mais de 2%: o milanês FTSE MIB caiu mais de 4% e o índice de referência europeu, Stoxx 600, desceu mais de 3%.
No setor da banca, instituições como o Commerzbank recuou mais de 11%, bem como o espanhol Sabadell, com atividade em Portugal, que desvalorizou acima dos 10%. Por cá, e à semelhança do final da semana passada, o impacto também se fez sentir na bolsa nacional. O PSI derrapou mais de 2%, com o BCP a ser o grande penalizador, com uma quebra superior a 7%.
Ainda assim, Medina defendeu que, desde 2008, “a supervisão financeira da moeda única tem regras mais apertadas e maiores exigências de capital”. Na Zona Euro, “houve ainda uma separação da atividade bancária de outro tipo de atividades que introduziam maior risco na atividade bancária, o que dá uma garantia muito grande relativamente à robustez dos nossos sistemas financeiros”, reforçou.
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Sobre o impacto, em concreto, da falência do SVB, no espaço europeu, Medina desvalorizou, afirmando que se trata de “um caso de um banco regional, muito especializado”, dedicado às startups. O ministro das Finanças sublinhou ainda que “as autoridades norte-americanas lidaram rapidamente e em força com a situação”.
Por seu lado, o comissário europeu para a Economia, Paolo Gentiloni, sublinhou não haver “qualquer contágio direto” para o sistema bancário europeu, na sequência da falência do SVB.
“Não há qualquer contágio direto e a possibilidade de um impacto indireto é algo que nós devemos vigiar, mas, até agora, não há qualquer risco significativo”, referiu o comissário.
BCE tranquilo mas banco central alemão em alerta
O Banco Central Europeu (BCE) também já desvalorizou os efeitos do colapso do SVB no espaço europeu, pelo que não está a planear, para já, promover qualquer reunião de emergência para analisar potenciais consequências.
Esta segunda-feira de manhã, o presidente do Eurogrupo, Paschal Donohoe, garantiu publicamente que há uma “exposição muito reduzida” da Zona Euro ao banco falido.
Ainda assim, o banco central alemão tem já reunida uma “equipa de crise” que está encarregada de avaliar os riscos associados à falência do banco norte-americano.
O fim do Silicon Valley Bank (SVB) aconteceu na passada sexta-feira, mas a história que lhe deu origem já se ia desenhando há mais tempo, desde que a Reserva Federal norte-americana (Fed), à semelhança de outros bancos centrais, decidiu subir as taxas de juro. O SVB, um banco particularmente importante para as tecnológicas e startups da Califórnia, não resistiu e colapsou, depois de uma autêntica corrida aos depósitos.
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