//“Mega-Ameaças”. ​Roubini avisa que EUA vão estar em recessão ainda este ano

“Mega-Ameaças”. ​Roubini avisa que EUA vão estar em recessão ainda este ano

Nouriel Roubini avisa que os Estados Unidos vão entrar em recessão ainda este ano. As últimas previsões do economista que antecipou a crise de 2008 incluem, também, um “crash” na banca norte-americana.

Apesar da inflação estar a abrandar, o professor emérito da Universidade de Nova Iorque, em entrevistas e artigos de opinião, continua a avisar nas últimas semanas para a fragilidade dos bancos regionais nos Estados Unidos, responsáveis por uma grande fatia do crédito hipotecário do país. Sublinha que muitos estão insolventes, com grande parte dos depósitos a descoberto, e alerta que “o pior está por vir”.

Porquê? Porque em 2008 não tínhamos a inflação que temos hoje e, por isso, os bancos centrais não estavam concentrados em manter os juros altos para combater a subida dos preços.

Hoje temos um trilema: inflação, crescimento e estabilidade financeira. É preciso aumentar os juros para descer a inflação, mas não tanto que comprometa o crescimento ou destrua o equilíbrio frágil entre credores e devedores. Para Roubini, está é uma “missão impossível”.

Em “Mega-Ameaças”, lançado este ano em Portugal pela Editora Planeta, Nouriel Roubini já avisa que o mundo enfrenta de uma vez só 10 mega-ameaças. Segundo o economista, “sem uma tremenda sorte, um crescimento económico quase inaudito e uma improvável colaboração global, a coisa não acabará bem”.

O “Dr Doom” (Doutor Catástrofe), como ficou conhecido, faz aqui juz à sua reputação, com uma análise articulada, sempre em tom alarmista e pessimista.

Para o economista, as atuais mega-ameaças são ainda maiores do que aquelas que o mundo enfrentou entre as duas guerras mundiais, que deram origem “ao fascismo na Itália, ao nazismo na Alemanha e ao militarismo na Espanha e Japão, culminando na Segunda Guerra Mundial e no Holocausto”.

Hoje temos as alterações climáticas, o envelhecimento da população, o impacto da Inteligência Artificial no emprego e a ameaça de um apocalipse nuclear sempre que há uma escalada nos conflitos entre grandes potências.

A estas ameaças juntam-se ainda não menos importantes, a crise da dívida, a inflação e a estagflação, a migração e o duelo entre os Estados Unidos e a China, que pode levar a uma segunda Guerra Fria, desta vez entre estes dois países. Tudo isto minimizado pelos líderes e políticos, segundo Roubini, que recomenda que acordem depressa.

Há mecanismos de resposta disponíveis, mas nenhum vai funcionar sem dor. O economista antecipa que será necessária “uma enorme adaptação de todos os habitantes da terra”.

Nas duas próximas décadas o economista espera uma “titânica colisão de forças económicas, financeiras, tecnológicas, ambientais, geopolíticas, médicas e sociais”. Sublinha que são forças enormes, “se convergirem, as consequências serão devastadoras”.

A partir daqui “acabaram-se as desculpas”.

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