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Lisboa parece ter saído incólume às alterações decretadas pelo governo ao regime dos vistos gold. No ano passado, apesar de já não ser elegível a aquisição de imóveis residenciais na capital para obtenção da autorização de residência dourada, o investimento estrangeiro em habitação ultrapassou os 894 milhões de euros. Este valor só foi suplantado em 2021 – o melhor ano de sempre -, devido à corrida que provocou o fim da medida mais procurada pelos compradores internacionais. Ainda assim, a diferença é pequena: foram aplicados menos 63 milhões em 2022, ou menos 6,6%, mas comparando com o ano pré-pandémico verifica-se um aumento de 132 milhões, ou 17%.
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O montante aplicado em 2022 não induz qualquer perda de interesse, até porque o ticket médio por operação bateu novo recorde ao ultrapassar os 540 mil euros, mais 21 mil euros face ao verificado no exercício anterior. No ano passado, foram vendidas 1655 casas a estrangeiros de 78 nacionalidades, número que compara com as 1845 adquiridas em 2021 por cidadãos de 86 origens diferentes. O investimento estrangeiro apresentou outros sinais inéditos.
Como revela a Confidencial Imobiliário, consultora especializada em dados estatísticos do setor, o volume de vendas nos dois semestres de 2022 ultrapassou os 400 milhões de euros (412,3 milhões na primeira metade do ano e €482 milhões na segunda), resultados sem precedentes. A exceção foram os últimos seis meses de 2021, quando a corrida aos vistos gold antes de as alterações entrarem em vigor originou um investimento residencial em Lisboa de 592,5 milhões.
A liderança dos franceses no montante investido em habitação na capital em 2022, a que acresce o crescimento exponencial do investimento de outros europeus, é também ilustrativa de que a atratividade de Lisboa não se reduz aos vistos gold. O ranking das cinco nacionalidades que mais investiram em habitação na capital é então liderado pelos franceses (tinham perdido este destaque entre 2029 e 2021), seguindo-se por ordem decrescente os norte-americanos, chineses, britânicos e brasileiros. Juntos, estes investidores respondem por 60% do capital estrangeiro aplicado em imóveis residenciais.
Os franceses aplicaram 157,1 milhões (18% do total do investimento estrangeiro) na compra de 250 casas, o maior número adquirido por uma nacionalidade. Os norte-americanos, que nos últimos cinco anos surgem entre os principais investidores, compraram 220 residências, por um total de 115,5 milhões. Já os chineses despenderam 98,7 milhões para adquirir 190 habitações. Os britânicos aplicaram 74,6 milhões na compra de 130 imóveis e, por último, os brasileiros investiram 64,1 milhões em 90 casas. Os brasileiros continuam a ser os que mais gastam por operação, com um ticket médio de quase 700 mil euros, mas os franceses não estão muito longe, 625,9 mil. Os norte-americanos, chineses e britânicos respondem por valores na ordem dos 500 mil euros.
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Embora com menor expressão, há seis nacionalidades europeias que se evidenciam pelo crescimento significativo dos valores investidos e, nestes casos, não necessitam de vistos gold para obterem autorização de residência. Os alemães aplicaram no ano passado 60 milhões de euros na compra de casa em Lisboa, mais 43% do que em 2021. Os italianos gastaram mais 93% (38,5 milhões), os belgas mais do que duplicaram o montante investido (20,7 milhões), os holandeses desembolsaram mais 249% (20,6 milhões) e os espanhóis mais 74% (16 milhões). Também os suíços aumentaram os seus investimentos imobiliários na capital, verificando-se um incremento de 78%, para 13,2 milhões.
Neste contexto de consolidação da atratividade, Lisboa também assegurou uma maior dispersão geográfica do investimento estrangeiro. Santo António, Estrela, Arroios, Misericórdia, Avenidas Novas e Santa Maria Maior mantêm-se os locais preferidos para comprar habitação, mas Belém, Ajuda e Alcântara, no eixo ocidental, Marvila, Beato e Olivais, na zona oriental, foram as freguesias onde o investimento mais cresceu. Refira-se que todos estes dados estatísticos reportam à Área de Reabilitação Urbana de Lisboa, que exclui Santa Clara, Lumiar e Parque das Nações.
No total, Lisboa captou no ano passado 2407 milhões de euros em investimento imobiliário residencial, uma quebra de 5% face a 2021, e foram compradas 5744 habitações. Os estrangeiros responderam por 37% no volume despendido, em linha com o verificado no ano homólogo. Os portugueses adquiriram 4089 casas na capital, por um valor global de 1512 milhões, que marca um decréscimo de 3,6%. O ticket médio aplicado pelos nacionais aumentou 4,6% para 370 mil euros, embora os estrangeiros continuem a gastar mais 45% do que os portugueses por transação.
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