O presidente-executivo do Millennium bcp, Miguel Maya, afirmou esta quinta-feira que o banco teve sempre uma relação “absolutamente correta” com a acionista Sonangol e que não há motivo para a angolana sair do capital do BCP.
Salientou que o BCP “nunca concedeu créditos à Sonangol para a compra de ações” do banco.
“Não vejo nenhuma razão para haver uma alteração da participação (da Sonangol) no banco”, disse Miguel Maya aos jornalistas, à margem da ‘Banking Summit 2020’, que decorre esta tarde na Fundação Champalimaud, em Lisboa.
A Sonangol é o segundo maior acionista do BCP, a seguir à chinesa Fosun, com uma posição de 19,49% do capital.
As declarações de Miguel Maya surgem depois da revista Sábado ter publicado uma notícia sobre ‘O ataque de Angola aos bancos portugueses’. No artigo, a revista revela “as pressões políticas, a lavagem de dinheiro, os offshores e os negócios cruzados no BCP, BPI, CGD, BIG, Privado Atlântico, EuroBic, BESA, Banif e BNI”, com base em “documentos, testemunhos e emails confidenciais”, que “revelam a história do poder dos angolanos em Portugal”.
A revista menciona um alegado email enviado em 2012 por Maya a Manuel Vicente – ex-presidente da Sonangol e homem de confiança da família do antigo presidente de Angola, José Eduardo dos Santos. Segundo a Sábado, o email “do homem que hoje é presidente executivo do maior banco privado em Portugal, ilustra o grau de influência e respeito que Manuel Vicente comanda não só no BCP, mas na generalidade da banca no país”.
Maya lamentou que a revista não tivesse questionado o BCP no âmbito do artigo que publicou. E garantiu que o email enviado a Manuel Vicente foi uma agradecimento, tal como fez com outros acionistas do banco, incluindo os principais. “E eu, em 2012, fui convidado, não pela Sonangol, nem por qualquer acionista, mas pelo Dr. Nuno Amado, a ser vice-presidente, o que aceitei”, afirmou Miguel Maya.
Assegurou que “de maneira nenhuma” a sua reputação ou a do banco saem beliscadas com a notícia.
A petrolífera, que já foi liderada por Isabel dos Santos, está no centro de uma polémica, na sequência de um conjunto de notícias divulgadas pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação, no âmbito da análise de mais de 700 mil documentos, denominada Luanda Leaks.
Entre as alegadas operações ilícitas, Isabel dos Santos terá desviado fundos de uma conta bancária da Sonangol no EuroBic em Portugal. A filha do ex-presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, nega as alegações noticiadas. A empresária é arguida num processo em Angola e os seus bens, bem como os do seu marido, foram arrestados naquele país.
O CEO do BCP reconheceu que o caso Luanda Leaks tem um impacto negativo na imagem da banca em Portugal. “Tudo o que acontece de mau a um banco em Portugal afeta todo o sistema”.
Atualizada às 19H03 com mais informação
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