//Ministro admite recuperação robusta, mesmo sem turismo

Ministro admite recuperação robusta, mesmo sem turismo

O ministro da Economia acredita que a recuperação económica em Portugal será robusta, já em 2021.

A expressão foi utilizada ontem pelo Ministro das Finanças e repetida esta quinta-feira pelo colega da Economia. Ainda assim, Pedro Siza Vieira retira o sector do turismo desta equação, o governante admite que está a ser mais afetado pela pandemia do que era esperado.

“Continuo a acreditar verdadeiramente numa retoma robusta. É verdade que estávamos a contar que este terceiro trimestre pudesse ser a continuação de um crescimento muito grande que tivemos no segundo trimestre. Provavelmente não vamos ter um contributo tão vigoroso da atividade turística e da procura externa de turistas para o crescimento no terceiro trimestre, e isso obviamente há de ter um impacto não positivo sobre o nosso crescimento.”

Para o presidente da Confederação Empresarial de Portugal, António Saraiva, é indiferente se no segundo semestre Portugal cresce menos ou mais de 4%, como dizia ontem João Leão. Os patrões querem que a economia cresça de forma sustentada e já têm propostas para entregar ao Governo.

“Temos aqui durante estes próximos anos, até 2030, 62 mil milhões. É uma oportunidade para que o país, pensando naquilo que correu mal e naquilo em que cometemos erros nestes últimos anos, para que o crescimento tenha sido tão anémico, como é que nós coletivamente pomos o país a crescer mais do que 4%. Se vamos atingi-lo já em 2022 ou ainda em 2021, seria ótimo, agora, temos de sustentadamente manter esse crescimento, e isso exige reformas e é nisso que estamos empenhados, e ainda esta semana entregaremos este documento com uma estratégia de crescimento e competitividade, onde tentamos responder a estas questões.”

As declarações foram feitas esta quinta-feira, num debate organizado em Lisboa pelo grupo Global Media, onde o Ministro da Economia reafirmou que as moratórias não terminam sem uma solução alternativa, que em alguns casos já está a ser negociada: “Para os setores mais afetados, que não beneficiaram da continuação da atividade, vamos precisar de lhes dar mais tempo. Como é que fazemos isso? Vamos dar aos bancos e às empresas a oportunidade de discutirem em que condições podem proceder ao refinanciamento ou à reestruturação da sua dívida sobre moratória, e o Estado, para as empresas nos setores mais afetados, empresas que não estejam em incumprimento, poderem dar uma garantia sobre uma parte do crédito que está em moratória, para facilitar o esforço que os bancos terão de fazer com isso”.

Pior já passou, diz ministro das Finanças

Pedro Siza Vieira diz ainda que as novas condições do Governo deverão ser divulgadas ainda este mês.

“Aquilo que espero é que nas próximas semanas, idealmente antes do meio do mês de julho, possamos dar aos bancos e às empresas o quadro claro em que podem começar a ter estas conversas, que aliás em muitos casos já estão a ser tidas.”

“Mas acho que temos condições para ultrapassar bem isto, e esta era a nota que queria deixar. Estou profundamente convencido que a maior parte das empresas não vão ter dificuldade em enfrentar o fim das moratórias”, concluiu.

Em entrevista à Renascença e ao “Público”, o ministro da Economia já avançou quais podem ser essas medidas para apoiar as empresas no fim das moratórias, como garantias do Estado ou mesmo a entrada do Estado no capital de empresas que estejam em dificuldades, mas sejam consideradas viáveis.

No debate esteve ainda o presidente do Novo Banco, António Ramalho, que lembrou que nem todos os sectores sentiram a crise da mesma forma e mesmo dentro de cada área o impacto é diferente em cada tipo de atividade.

Como exemplo apontou a indústria têxtil ou a agricultura, onde há produções e fileiras com grande procura, enquanto outras podem estar a sentir dificuldades.

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