//Ministro das Finanças assume que podia ter ido mais longe na redução do défice em 2022

Ministro das Finanças assume que podia ter ido mais longe na redução do défice em 2022

O ministro das Finanças afirmou esta quinta-feira que podia ter ido mais longe na redução do défice este ano, mas manteve a meta de 1,9% e optou por “devolver integralmente” à economia a receita adicional obtida.

Esta posição foi assumida por Fernando Medina no final da terceira ronda de perguntas por parte dos deputados, após a sua intervenção na abertura do segundo e último dia de debate parlamentar da proposta do Governo na generalidade do Orçamento do Estado para 2023

O deputado social-democrata João Barbosa de Melo desafiou o executivo socialista a assumir a sua opção de utilizar a “folga” orçamental resultante do acréscimo de receitas por causa da alta da inflação para baixar o défice e a dívida.

“Quer pagar a dívida aos credores e baixar o défice com o dinheiro que os portugueses de repente transferiram para o Estado por causa da inflação. Ora, essa opção tem efeitos contracionistas” na economia, advertiu João Barbosa de Melo.

Na resposta, o ministro das Finanças contrapôs que o executivo vai manter o défice no objetivo proposto para 2022, ou seja, 1,9%.

“Não vamos reduzir mais do que aquilo que nos tínhamos proposto, até podíamos tê-lo feito. O défice até poderia ter passado de 1,9% para 0,9” se não tivesse feito o pacote famílias primeiro. Mas essa foi a nossa opção e vamos terminar o ano com 1,9% de défice”, salientou.

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De acordo com Fernando Medina, o Governo “não está a ir além do compromisso” de redução do défice.

“Estamos a devolver integralmente à economia a receita adicional que o Estado arrecadou resultante da inflação”, insistiu.

O titular da pasta das Finanças assinalou ainda que “toda a dívida implica uma transferência para os credores, mas o Governo faz isso na justa e conta medida de servir o país e de proteger o futuro dos portugueses”.

No debate, João Barbosa de Melo e Fernando Medina entraram em aberta divergência na questão do investimento, com o deputado social-democrata a descredibilizar a meta de mais 17% inscrita no Orçamento.

“Esse número não tem qualquer credibilidade. Neste momento, já estamos em mil milhões de euros atrás no objetivo e podemos atingir os três mil milhões de euros no final do ano. As excelentes qualidades de ilusionismo podem enganar alguns por algum tempo, mas não conseguem enganar todos todo o tempo”, disse.

No entanto, o ministro das Finanças contrapôs que o investimento foi a primeira variável a recuperar na economia portuguesa ainda em ano de pandemia de Covid-19.

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“Só no primeiro semestre deste ano tivemos em investimento 16 mil milhões de euros de investimento de empresas, o valor mais alto que há registo. Isso não merece ser menorizado por nenhum deputado desta casa”, reagiu.

Pela parte da bancada do PS, a deputada Marta Freitas defendeu que o Governo da República vai cumprir a lei das finanças regionais e que no próximo ano haverá uma duplicação de verbas para o Hospital da Madeira, “agora considerado um projeto de interesse nacional”.

Deixou uma farpa em relação ao Governo Regional da Madeira: “É frustrante a tentativa de desvalorizar o que está a ser feito, numa lógica de que uma mentira muitas vezes repetida se torna uma verdade”.

No mesmo sentido, Francisco César, vice-presidente da bancada do PS, fez um ataque direto ao Governo Regional dos Açores.

“Se não fosse o Governo socialista da República a apoiar as famílias e as empresas, estes teriam sido deixados ao abandono pelo Governo de direita na região”, sustentou.

Depois, os deputados do PS Susana Amador e Carlos Brás elogiaram a proposta orçamental para o próximo ano em relação às câmaras e freguesias e o acordo de descentralização assinado pelo Governo com a Associação Nacional dos Municípios Portugueses (ANMP).

“Temos três PSD, pelo menos: Um na Europa, outro aqui no parlamento e outro, ainda, na ANMP, que assinou o acordo de descentralização”, referiu Carlos Brás.

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