O ministro das Infraestruturas e Habitação acusa o maior acionista da Groundforce de enganar o Estado. Pedro Nuno Santos está a ser ouvido no Parlamento sobre a situação da empresa e classificou como um “momento infeliz” o penhor das ações da empresa.
“Tivemos boa fé e só à última hora soubemos que já havia um penhor.”
Segundo o governante, “foi um momento infeliz em que um empresário português tenta enganar o Governo português”, bem como os trabalhadores.
Para o ministro, Alfredo Casimiro é “um homem que provou não ser sério” e que tentou várias “manobras de diversão” durante as negociações com a TAP, para um empréstimo que permitisse à Groundforce pagar os salários aos seus 2.400 trabalhadores, em atraso desde fevereiro.
“Estamos a falar de um empresário que, no relacionamento com o Estado, esteve a enganar o Estado até ao fim e que, a determinada altura, posteriormente, ainda grava uma reunião com um ministro”, afirmou.
“Não podemos fazer de conta que não se passou nada e que estamos perante um empresário igual aos outros”, acrescentou.
Pedro Nuno Santos acusa ainda o Governo PSD/CDS de ter pago a Alfredo Casimiro para ficar com a Groundforce. O empresário recebeu 7,6 milhões do Estado antes mesmo de fazer qualquer pagamento de aquisição.
Assim, entre 2012 e 2015, Casimiro recebeu comissões de gestão de 5,4 milhões de euros. Depois, entre 2015 e 2018, recebeu outros 2,2 milhões.
Nesta audição, Pedro Nuno Santos classifica como uma “boa notícia” se se confirmar que o Montepio executou o penhor das ações de Alfredo Casimiro na Groundforce. “Se for verdade abre uma nova perspetiva de resolução, pois acho que um dos principais problemas é facto de o atual acionista privado não estar vendedor – não está vendedor, mas também não tem dinheiro para lá meter.”
O ministro das Infraestruturas disse que a TAP paga acima do preço de mercado à Groundforce pelo serviço assistência em aeroportos, o que tem consequências nas contas da companhia aérea e, por isso, o contrato tem de ser revisto.
Segundo o governante, a companhia aérea que voltou ao controlo do Estado em 2020 paga “acima do [preço de] mercado ao serviço de ‘handling’” e que isso tem “consequências nas contas da empresa”, que está a sofrer um processo de reestruturação.
Questionado pela deputada do PAN Inês Sousa Real sobre a hipótese de uma auditoria à Groundforce, o ministro lembrou que o Estado é acionista minoritário da empresa, o que torna impossível avançar com esse processo.
Durante a audição na comissão parlamentar de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação, que está a decorrer a pedido do CDS, o ministro das Infraestruturas garante que tudo foi feito para ajudar a Groundforce.
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