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O ministro holandês das Finanças é um dos envolvidos nos Pandora Papers. Wopke Hoekstra foi criticado por António Costa por levantar obstáculos a ajuda de emergência na União Europeia para enfrentar a pandemia de Covid-19.
Wopke Hoekstra fez um investimento de 26.500 euros através de uma empresa sediada no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas. O caso remonta a 2009 num negócio de financiamento de parques para safaris no Quénia e na Tanzânia.
A investigação liderada pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação descobriu o nome do ministro das Finanças do Países Baixos nos 12 milhões de documentos dos Pandora Papers.
O jornal “Financieele Dagblad” noticia que, apesar de não ter violada qualquer lei, Wopke Hoekstra ficou com uma posição na Candace Management Ltd, uma empresa de fachada que desvia capital de investimento através das Ilhas Virgens Britânicas.
O ministro recorreu a este expediente como forma de elisão fiscal, ou seja, o recurso a mecanismos legais para pagar a menor quantidade de impostos possível.
Wopke Hoekstra acabou por vender a sua participação em 2017, uma semana antes de ser nomeado ministro das Finanças do Governo liderado pelo primeiro-ministro Mark Rutte.
Perante as críticas ao seu envolvimento nos Pandora Papers, anunciou através das redes sociais que vai doar o lucro obtido com a operação, 4.800 euros, a uma fundação de luta contra o cancro.
O ministro holandês argumenta que desconhecia o facto de a Candace Management Ltd estar registada num paraíso fiscal.
Em março de 2020, Wopke Hoekstra foi alvo de duras críticas do primeiro-ministro português. António Costa qualificou de “repugnante” e contrária ao espírito da UE uma declaração do ministro holandês pedindo que países, como Espanha, fossem investigados por não terem capacidade orçamental para fazer face à pandemia.
“Esse discurso é repugnante no quadro de uma União Europeia. E a expressão é mesmo essa. Repugnante”, disse António Costa na conferência de imprensa que se seguiu a um Conselho Europeu extraordinário.
Hoekstra tinha anteriormente afirmado que a Comissão Europeia devia investigar países, como Espanha, que afirmam não ter margem orçamental para lidar com os efeitos da crise provocada pela Covid-19, apesar de a zona euro estar a crescer há sete anos consecutivos.
Na altura, António Costa disse que a afirmação do ministro dos Países Baixos era “uma absoluta inconsciência” e uma “mesquinhez recorrente” que “mina completamente aquilo que é o espírito da UE e que é uma ameaça ao futuro da UE”.
“Se a União Europeia [UE] quer sobreviver é inaceitável que qualquer responsável político, seja de que país for, possa dar uma resposta dessa natureza perante uma pandemia como aquela que estamos a viver”, indignou-se António Costa.
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