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O presidente da Câmara de Lisboa disse hoje que colabora na preparação da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), até pelo “retorno absolutamente extraordinário” para a cidade, mas não participa religiosamente, tal como fez em “eventos de variadíssimas religiões”.
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“A questão aqui não é um evento para a Igreja Católica, é um evento para todos os jovens do mundo e é um evento que terá um retorno absolutamente extraordinário para aquilo que é a cidade”, afirmou Carlos Moedas (PSD), em entrevista à agência Lusa.
Procurando fazer contas ao retorno económico, o autarca de Lisboa indicou que, se um milhão de jovens participar na JMJ, estiver na cidade sete ou oito dias e gastar 40 ou 50 euros por dia, resultará numa “quantia de 200 a 300 euros, no mínimo, que cada pessoa destas traz para Lisboa, multiplicado por um milhão, são 200, 300 ou 400 milhões” de euros.
“Estamos a falar aqui em centenas de milhões de euros [….]. Neste caso, podemos retirar o fator religioso, tirar aqui esse fator de que é um evento religioso, até porque eu penso que o Papa quer que seja um evento para todos os lisboetas, e, retirando esse fator, nós temos aqui um retorno que é muito maior do que qualquer outro evento teve alguma vez para a cidade”, reforçou o presidente da câmara.
Considerada o maior acontecimento da Igreja Católica, a JMJ vai realizar-se este ano em Lisboa, entre 01 e 06 de agosto, sendo esperadas cerca de 1,5 milhões de pessoas.
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Questionado sobre a disponibilidade para apoiar eventos de outras religiões, Carlos Moedas assegurou que “a câmara municipal tem feito eventos de variadíssimas regiões” e sublinhou que a ideia do Papa Francisco na JMJ é “honrar outras religiões, com encontros inter-religiosos, com encontros ecuménicos entre várias religiões e, também, de jovens que não têm religião”, considerando que “essa é a grande marca desta Jornada Mundial da Juventude”.
“O Estado português é um Estado laico e o presidente da câmara deve manter essa postura de Estado e essa postura da câmara municipal […]. Eu ajudo ao evento, mas eu não participo religiosamente”, declarou o social-democrata, referindo que as convicções religiosas de cada um são do foro pessoal, ainda que as suas sejam publicamente conhecidas como “agnóstico convicto”, mas que, até pela força política que representa — PSD –, tem “profundos valores cristãos”.
O autarca de Lisboa reforçou que participa na JMJ como já participou em eventos da religião muçulmana, como no Iftar, afirmando que, quando foi o “romper do jejum dos muçulmanos em Lisboa, estava na mesquita”.
O autarca disse que também esteve na celebração da Hanukkah para os judeus e assegurou que estará noutras religiões, porque deve “manter essa equidistância”.
Para o presidente da câmara, “ser laico não é estar contra as religiões, é estar com as religiões e aqueles não têm religiões”.
“Hoje em dia, esta fricção em que vivemos, constante na sociedade, em que temos de estar contra uns ou contra outros, o meu papel é ao contrário, é estar com todos”, expôs, recusando as críticas quanto à participação na chegada dos símbolos da JMJ a Lisboa, afirmando que foi “por esse respeito” que esteve presente.
Quando era emigrante em França, Carlos Moedas participou na JMJ em 1997 e, passado 26 anos, é o representante da cidade anfitriã do evento e vai receber na sua casa o filho da pessoa com quem esteve na capital francesa, revelou.
Sobre o impacto da JMJ no aumento da procura turística, que pode ter consequências no acesso à habitação, o autarca defendeu que “o turismo é importante para cidade, mas não é o turismo que está a retirar casas às pessoas”.
“O turismo dá trabalho às pessoas, cria empregos. Depois, há pessoas que vêm do estrangeiro, que se instalam em Portugal e que podem pagar preços de imobiliário mais altos e que podem fazer subir os preços, isso é outro tema”, apontou, referindo que, durante muitos anos, não só não se produziu habitação e os preços aumentaram, portanto houve uma crise de oferta, como também não se construiu habitação municipal para ter preços mais reduzidos.
O autarca do PSD realçou a prioridade que tem em investir em habitação municipal, dispondo de 800 milhões de euros, verba que diz que não tem comparação, nem mesmo na altura do PER — Programa Especial de Realojamento, iniciado em 1993.
“Se a Jornada Mundial da Juventude tem um impacto negativo na habitação em Lisboa? Não, não tem. A Jornada Mundial da Juventude é um evento durante sete dias, em que as pessoas vêm a Lisboa, estão cá sete dias, depois vão-se embora, e nesses sete dias vão gastar 200 ou 300 milhões de euros a consumir e, portanto, com impacto económico direto positivo na cidade”, frisou.
Relativamente à aprovação de novos hotéis na cidade, Carlos Moedas disse que “não é a vontade política do presidente da câmara que decide se há mais hotéis ou menos hotéis”, explicando que tal está previsto no Plano Diretor Municipal, que dá direito aos proprietários para investir consoante o que está definido.
O município de Lisboa vai gastar até 35 milhões de euros na JMJ, dos quais 25 milhões são investimento que fica na cidade, segundo o autarca.
Mais de um milhão de pessoas são esperadas em Lisboa para a JMJ, com o Papa Francisco, de 01 a 06 de agosto.
Considerado o maior acontecimento da Igreja Católica, a jornada nasceu por iniciativa do Papa João Paulo II, após o sucesso de um encontro com jovens em 1985, em Roma, no Ano Internacional da Juventude.
As principais cerimónias da jornada decorrem no Parque Tejo, a norte do Parque das Nações, na margem ribeirinha do Tejo, em terrenos dos concelhos de Lisboa e Loures, e no Parque Eduardo VII, no centro da capital.
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