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Mónica Camacho é a nova diretora-geral da Seat e da Cupra em Portugal, cargo que assumiu em julho passado, numa altura em que o mercado nacional “mostra finalmente sinais de recuperação da enorme retração que registou desde 2020”, adianta. “Os níveis de crescimento foram muito expressivos nos primeiros seis meses do ano, alavancados pela retoma das compras por parte das empresas de rent-a-car, cujo negócio anda a par do turismo que tem batido recordes em 2023. No segundo semestre, o ritmo de crescimento das vendas de veículos novos de passageiros abrandou bastante, mas, felizmente, quer na Seat quer na Cupra, temos conseguido enquadrar as nossas estratégias de forma a aproveitar e explorar todas as oportunidades de negócio, o que nos permite apresentar crescimentos superiores aos do mercado”, sublinha Mónica Camacho.
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Apesar de serem marcas “irmãs”, Seat e Cupra têm personalidades muito diferentes. Perante este facto, qual a estratégia para lidar com uma e com outra? “Diria que, em comum, têm apenas o facto de serem marcas que nascem da mesma casa-mãe. Ainda que partilhem algumas características entre si, as estratégias e posicionamentos são bastante diferentes”, explica a responsável. “A Seat é, e continua a ser, uma marca muito acarinhada e com um percurso muito sólido e consolidado no nosso mercado. Apesar de ter arrancado o ano ainda com grandes perturbações na produção de modelos tão importantes como o Ibiza e o Leon, conseguiu recuperar muitíssimo bem nestes últimos meses e apresenta um crescimento de 35% vs 2022”, afirma. “É uma marca que conta com uma clientela muito fidelizada, que continua a ser muito reconhecida junto dos condutores mais jovens, mas que também está a conseguir crescer nas empresas, fruto das nossas estratégias comercias e de uma oferta de produto extremamente bem adaptada à fiscalidade automóvel”, refere Mónica Camacho.
Quanto à Cupra, “e falando de uma forma mais emocional, é uma marca que chegou e arrebatou corações”, garante. “Nasceu já na era da eletrificação, com os olhos postos no futuro e com um posicionamento desafiante, não convencional, com foco na performance e na paixão pelos automóveis e pela condução. Em três anos de existência no mercado nacional, a sua performance superou todas as expectativas e o crescimento exponencial que tem registado (+55% vs 2022) resulta da forte aposta nas motorizações eletrificadas, que representam já 57% das nossas vendas”, revela a responsável.
Duas marcas, duas realidades
A Cupra apontará a um segmento premium, desportivo e elétrico. Mas será que ainda existe margem para crescer em Portugal? “A Cupra assume-se como uma marca disruptiva, desportiva e com um foco claro na eletrificação, mas não aponta necessariamente a um segmento premium”, diz. E reforça: “O crescimento da Cupra, desde que chegou ao mercado, tem sido incrível e o seu nível de aceitação junto dos consumidores tem superado todas as expectativas. É, neste momento, das marcas que mais crescem a nível europeu, registando uma procura muito grande quer no canal particular quer nas empresas”, afirma. Nesse sentido, “a margem para crescer é imensa e o ano de 2024 será seguramente mais um marco na história da marca, alavancado pelo lançamento de dois novos produtos que vêm aumentar o nosso portefólio: o Cupra Tavascan – o primeiro SUV coupé da marca – e o Cupra Terramar, um SUV híbrido plug-in e o último modelo da Cupra a equipar com motores a combustão”, conta.
No caso da Seat, há quem acredite que “a marca, tal como a conhecemos, tem os dias contados”. Mas Mónica Camacho garante que tal não corresponde à verdade. “O tema do “fim da Seat” fez correr muita tinta nos media mas, tal como foi esclarecido pelo CEO da marca, Wayne Griffiths, a marca continuará a fazer parte da estratégia e do portefólio de marcas do Grupo Volkswagen, assumindo o posicionamento de uma marca acessível e vocacionada para as gerações mais jovens”, assegura. Na verdade, a Seat está mais forte do que nunca dispondo atualmente da melhor gama de produto da sua história. As encomendas de clientes para os principais modelos Ibiza, Arona e Leon atingiram níveis recorde, e estão previstas atualizações para estes modelos a breve prazo”, acrescenta.
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Passará o futuro da Seat pela micro mobilidade ou pela dita mobilidade leve? “Passa por continuar a oferecer automóveis híbridos plug-in e motores de combustão eficientes até ao fim da era da combustão. A eletrificação da Seat chegará no momento certo e adaptada às várias formas de mobilidade, uma oportunidade para oferecer aos jovens aquilo que necessitam, como por exemplo, a partilha, as subscrições e a micro mobilidade, onde já marcamos presença com a Seat Mó”, assegura. “Não haverá competição ou substituição entre as marcas Seat e Cupra, porque os clientes são diferentes.
Os mercados não estão todos a fazer a transição para a eletrificação ao mesmo ritmo, e ter duas marcas capazes de oferecer produtos diferentes durante a próxima década, será uma vantagem comparativamente a outros construtores”, salienta a mesma interlocutora.
Em relação à Seat, um ponto é seguro: “O ADN da marca não mudará. Seria insensato deixar para trás 70 anos de experiência a alimentar paixões e marcados por modelos tão icónicos como o Ibiza, que celebrará 40 anos de existência já em 2024”, recorda. “A Seat continuará a ser uma marca vocacionada para um target mais jovem, que fruto da sua cada vez maior consciência ambiental, no futuro procurará alternativas funcionais e elétricas”.
Ascensão elétrica
Em 2030, a Cupra será 100% elétrica. Estaremos perante uma margem de tempo curta para o mercado, nomeadamente o particular, abraçar este segmento de veículos 100% elétricos? “Analisando apenas o comportamento do mercado nacional, a procura por carros elétricos tem subido de forma exponencial nos últimos cinco anos, muito alavancado pelos incentivos fiscais que, até agora, têm beneficiado mais as empresas do que os clientes particulares”, diz. “No entanto”, acrescenta, “acredito que o crescimento da capilaridade das infraestruturas de carregamento e o aumento das autonomias vai ser determinante para que cada vez mais clientes apostem nos veículos elétricos”.
No caso da Cupra, “a transição para a mobilidade elétrica já está a ser feita a um ritmo muito elevado: o nosso modelo 100% elétrico, Cupra Born, já representa mais de 30% das nossas vendas e o peso das motorizações eletrificadas é de 57%”, esclarece.
De acordo com a sua visão, o futuro da Cupra “passa por continuar a lançar novos modelos e por apresentar novas soluções que continuem a ir de encontro ao que os clientes valorizam”, afirma. “Temos um longo caminho a percorrer, mas diria que a nossa ambição a longo prazo passa por sermos das principais marcas de escolha no mercado nacional e por fazermos parte do top 10 das marcas mais vendidas”, conclui.
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