//Montepio: buscas deixam banco de novo debaixo de holofotes

Montepio: buscas deixam banco de novo debaixo de holofotes

A gestão passada do Montepio voltou para assombrar o banco, que foi alvo de buscas nesta quinta-feira. Suspeitas de branqueamento de capitais, fraude fiscal qualificada e burla qualificada levaram a diligências das autoridades judiciais à sede de bancos, incluindo do Montepio, da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG), residências e sedes de empresas.

O Ministério Público pretende provar a origem do dinheiro que serviu para financiar o aumento de capital do banco em 2013, quando era presidente da instituição António Tomás Correia. Esta é uma das operações sob suspeita do Ministério Público, entre outras que originaram as buscas.

As suspeitas não são de agora e voltam a colocar pressão mediática sobre o banco, numa altura em que as incertezas em torno da gestão se dissiparam, com a confirmação do novo presidente executivo, Pedro Leitão.

Analistas apontam que a pressão pode ativar as expectativas de um movimento de consolidação envolvendo o banco. O Montepio é visto como apetecível e tem sido alvo de rumores no mercado há vários anos. “Possivelmente, no meu ponto de vista e da minha especulação, o Montepio deve ser absorvido por um grande banco a atuar em Portugal”, entende Pedro Amorim, analista da corretora Infinox. “Existem várias razões para que isso aconteça. Provavelmente, (será comprado por) um banco espanhol, como o La Caixa (CaixaBank, dono do BPI), ou o próprio Santander”, admite.

As alegadas “falhas” passadas cometidas pela gestão do Montepio já foram alvo de coimas por parte dos reguladores. A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, por exemplo, já tinha aplicado uma coima de 150 mil euros ao Banco Montepio devido a diversas infrações cometidas pelo banco na operação de financiamento que envolveu uma oferta de unidades de participação no seu capital. Uma das infrações apontadas era a falha na prevenção de branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo. O Banco de Portugal aplicou, em janeiro de 2019, coimas a Tomás Correia e a outros ex-responsáveis do Montepio.

No caso das buscas realizadas nesta quinta-feira, surgiram no âmbito de uma investigação judicial que começou em 2015. Para já, ainda não há arguidos no processo.
Fonte oficial da Polícia Judiciária confirmou ao Dinheiro Vivo que entre as operações suspeitas está a subscrição de unidades de participação do Caixa Económica Montepio Geral – atual Banco Montepio, havendo dúvidas sobre a origem do dinheiro que serviu para a compra daqueles títulos. As autoridades suspeitam que o aumento de capital do Montepio possa ter sido financiado com empréstimos bancários da filial angolana do banco – o Finibanco Angola.

No centro das suspeitas estão, alegadamente, nomes como o do construtor José Guilherme – conhecido por ter dado um presente a Ricardo Salgado de 14 milhões de euros – e seus familiares.
“Para já, não há arguidos”, disse a fonte da PJ. “Agora vai decorrer a investigação.”

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