Os apoios públicos europeus até agora anunciados não compensam a totalidade de destruição prevista da economia por causa da pandemia do coronavírus, alerta a Moody’s.
A agência de ratings lança vários alertas. As medidas até são “positivas” para a avaliação do rating [nota da dívida] de empresas e bancos, mas são “neutrais”, ou seja indiferentes, no caso dos Estados. Estes últimos ficam assim num género de linha de fogo no futuro: a dívida pública que vai crescer muito com estas ajudas pode ser um problema sério nos próximos anos.
Um estudo da agência publicado nesta segunda-feira refere claramente que “os efeitos positivos das medidas de apoio dos governos não compensarão completamente os danos económicos e na classificação da qualidade do crédito” por causa da pandemia de coronavírus.
A Moody’s avisa ainda que as empresas estão mais isoladas de efeitos negativos futuros do que os Estados. “O impacto na nota de crédito destes apoios financeiros relacionado com o coronavírus varia consoante o setor”.
As medidas “são amplamente positivas para empresas e instituições financeiras”, mas “neutras para os soberanos [os Estados]”.
“No entanto, os efeitos positivos dos programas de apoio públicos não compensarão completamente os danos económicos e financeiros decorrentes do combate à pandemia”, alerta a agência.
“Embora as políticas de apoio do governo ajudem a fortalecer famílias e empresas, há uma incerteza considerável relativamente à eficácia dessas medidas”, sendo que “elas não compensarão os danos decorrentes do combate à pandemia”, afirma Colin Ellis, diretor da Moody’s para a área de estratégia de crédito e coautor deste novo estudo.
Foram analisadas “as cinco maiores economias europeias – Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Espanha”.
“Por exemplo, bancos e outras instituições financeiras devem estar relutantes em emprestar aos clientes mais arriscados porque os governos não garantem totalmente os empréstimos” em causa.
Para a Moody’s, estas “as garantias de empréstimos fornecerão apenas uma almofada para os clientes corporativos que já beneficiam de liquidez adequada e beneficiarão os clientes com maior capacidade de crédito”.
Adicionalmente, “o custo orçamental das medidas de apoio do governo deverá ser substancial” e irá “além do aumento normal dos défices que seria esperado num abrandamento económico”.
No entanto, a Moody’s admite que “os soberanos também têm ferramentas únicas à sua disposição”.
“Os pacotes de apoio públicos suavizarão as interrupções económicas para famílias e empresas, o que limitará danos na liquidez e na tesouraria do setor privado no curto prazo. No entanto, medidas como as moratórias no pagamento das dívidas podem enfraquecer a qualidade dos ativos bancários e reduzir a tesouraria no caso das securitizações [venda de créditos futuros]”.
Esta terça-feira, “o Eurogrupo continuará a trabalhar para uma resposta coordenada às consequências económicas da pandemia de Covid-19, no seguimento do convite que lhe foi feito pelos dirigentes da UE em 26 de março de 2020”, diz o conselho informa de ministros das finanças da zona euro presidido por Mário Centeno.
(atualizado 21h40)
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