A Moody’s melhorou o rating de Portugal para grau de investimento. Mas a agência deixou a perspetiva estável, o que indicia que não prevê alterações da nota no médio a longo prazo. Os analistas da entidade americana veem margem limitada para que o rácio da dívida desça de forma mais pronunciada que o previsto, devido à pressão para aumentos na Função Pública e para a recuperação do investimento.
A agência deixou claro na nota divulgada esta sexta-feira que, para voltar a melhorar o rating, precisa de ver uma descida mais rápida que a prevista do rácio da dívida sobre o PIB. Mas diz que esse cenário é improvável, já que “alcançar saldos primários significativamente mais altos de forma a apoiar uma descida rápida do fardo da dívida será difícil, dada a continuada pressão para aumentar os salários da função pública e recuperar os cortes significativos no investimento”.
E, se para subir o rating é necessário que a dívida caia mais rápido que o estimado (a agência prevê que o endividamento baixe para 116% do PIB em 2021), a Moody’s deixa claro que há riscos que podem fazer com que a notação regresse a um nível visto como “lixo” pelos mercados.
Moody’s quer vontade política para continuar a reduzir dívida
A Moody’s explica que o rating pode ficar sob pressão “se aparecerem indicações de que o compromisso do governo com a consolidação orçamental e com a redução da dívida está a desvanecer ou se o apoio a políticas orçamentais prudentes não for claro após as eleições do próximo ano”. Conclui que “isso colocaria em risco a sustentabilidade da tendência da dívida pública”. Avisa ainda que o rating pode descer se existir uma “reversão das reformas anteriores – incluindo as reformas das pensões e do mercado de trabalho”.
Além da vontade política para seguir o caminho de equilíbrio nas contas públicas, a Moody’s avisa que o rating também pode regressar a lixo se o crescimento económico for mais fraco que o esperado, se existir uma subida acentuada nos custos com juros, incluindo um choque de confiança.
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