//Moody’s está mais otimista quanto à banca portuguesa

Moody’s está mais otimista quanto à banca portuguesa

A Moody”s melhorou a perspetiva (outlook) para o setor bancário nacional de negativa para estável. “A nossa visão reflete o regresso esperado da economia ao crescimento em 2021 depois da contração em 2020 induzida pelo coronavírus”, diz a agência de rating numa nota sobre a banca portuguesa.

A Moody”s antecipa uma estabilização gradual das condições de operação dos bancos, à medida que a economia recupera, crescendo 3,7% neste ano e 4% no próximo. O regresso a níveis de crescimento pré-pandemia acontecerá apenas em 2023, prevê a empresa de notação financeira.

“As condições de crédito deverão beneficiar, ao longo do período do outlook , de um setor privado mais forte, que tem reduzido o endividamento nos últimos anos, e de um acumular de poupança das empresas e famílias durante a epidemia do coronavírus. Estes fatores deverão aliviar dificuldades de pagamento assim que as moratórias e outras medidas de apoio relacionadas com a pandemia diminuírem”, sublinha a Moody”s.

Apesar destes fatores favoráveis, a agência de rating espera uma subida do crédito malparado no setor financeiro. “Antecipamos um aumento dos empréstimos problemáticos dos bancos portugueses neste ano à medida que as medidas de apoio do governo que protegeram a qualidade dos ativos em 2020 começarem a ser retiradas”.

A Moody”s lembra que o rácio de crédito malparado em Portugal estava em 5,5% em setembro, acima dos 2,8% da média europeia (dados revelados entretanto pelo Banco de Portugal indicam uma melhoria em dezembro para 4,9%).

Os valores provisionados no ano passado pela banca para fazer face ao incumprimento não vão chegar para as necessidades. “Os bancos puseram de parte provisões em 2020 contra perdas futuras de crédito, mas acreditamos que estas não serão suficientes para cobrir a deterioração esperada da qualidade dos ativos”, defende a Moody”s.

A rentabilidade dos bancos portugueses manter-se-á estável, apesar de haver pouca margem para ganhos de eficiência, “após vários anos de corte de custos” e num contexto de pouca procura de crédito e baixas taxas de juro.

Os bancos deverão enfrentar mais despesa com provisões à medida que o malparado aumenta, acredita a agência.

As condições de financiamento do setor também se manterão estáveis, e no ano passado até terão melhorado com “a menor despesa com consumo devido às restrições relacionadas com a pandemia que conduziu a um aumento da base de depósitos”.

Sobre o capital dos bancos, a Moody”s considera que a situação é “fraca” em comparação com os pares europeus. Uma situação que “em parte reflete o grande volume de ativos por impostos diferidos, que consideramos capital de baixa qualidade”.

Ver fonte