Mais de sete anos depois de ter colocado a dívida de Portugal num nível visto como “lixo” pelos mercados, a Moody’s retirou o rating do país de grau especulativo. A agência americana foi a última das três grandes a melhorar a nota da República para nível de investimento, depois das subidas da S&P, em setembro do ano passado, e da Fitch, em dezembro. Em julho de 2011 tinha sido a primeira a cortar a notação para nível de “lixo”.
A decisão desta sexta-feira de melhorar a notação de Ba1 para Baa3, com perspetiva estável, é explicada pelos analistas da agência pela descida do rácio de dívida sobre o Produto Interno Bruto (PIB). A Moody’s ficou convencida que a tendência de queda deste indicador, um dos mais determinantes na hora de avaliar o rating, é estrutural. O rácio desceu no ano passado de mais de 129% para 124,8%. E isso levou a agência a rever em baixa as estimativas para esse indicador nos próximos anos. Prevê agora que se chegue ao final de 2021 com uma dívida de 116% do PIB.
Além da tendência de redução do rácio de dívida, a Moody’s justificou a melhoria da notação com a diversificação da economia. Salientou que existem agora mais fatores de crescimento e uma posição externa estruturalmente melhor, o que torna a economia mais resiliente. A agência aparenta estar também mais tranquila com o setor bancário, prevendo menos riscos depois da despesa que o Estado teve de assumir nos últimos anos.
A Moody’s tinha o rating de Portugal com perspetiva positiva desde setembro do ano passado Nessa altura admitia melhorar a classificação num prazo de entre 12 a 18 meses caso se confirmassem as melhorias orçamentais e tivesse provas de que o crescimento económico era amplo. Queria ainda aferir que haveria progressos na recapitalização dos bancos mais enfraquecidos.
Rating sobe. Mas há avisos sobre riscos
Apesar de ter melhorado o rating, a Moody’s deixou vários avisos. Até porque a nota atual está apenas um nível acima de território lixo. A agência nota que “mesmo que a dívida pública desça nos próximo anos, o Estado continuará, por muitos anos, com um endividamento muito elevado relativamente aos pares globais”.
A agência nota que é improvável que o rácio da dívida desça mais do que o estimado pela própria Moody’s, “dada a continuada pressão para aumentar os salários do setor público e para recuperar dos cortes significativos nos gastos de capital de forma a salvaguardar a qualidade dos serviços públicos”.
A Moody’s nota que os desafios poderão intensificar-se “à medida que o ciclo das taxas de juro normalize”. E antevê que, “apesar das melhorias da situação de tesouraria do governo, as taxas das obrigações portuguesas serão mais sensíveis a um choque na confiança que a maior parte dos pares regionais dada a ainda elevada alavancagem da economia”.
Atualizada às 21:52 com mais informação
Deixe um comentário