A agência de rating Moody’s não prevê um agravamento do perfil de crédito de Itália, atualmente com a notação Baa3 (tal como Portugal) e perspetiva estável, considerando que o aumento do endividamento do país para fazer face à pandemia será efeito temporário e antecipando a manutenção de juros baixos para os títulos soberanos italianos.

A previsão é feita um dia depois de o Conselho Europeu ter dado acordo a que a Comissão Europeia apresente a 6 de maio as linhas para um fundo de recuperação pós-pandemia, ainda que não haja acordo nos termos do apoio, e num momento de receios sobre a evolução dos juros das dívidas do Sul da Europa. Seguem esta manhã a descer (11h51), apesar de uma abertura de sessão que apontava subidas nos títulos de longo prazo.

“Apesar de a pandemia do coronavírus estar a produzir um grave choque económico que atirará a dívida pública de Itália para níveis recorde neste ano, o perfil de crédito do país deve manter-se largamente não afetado dada a natureza temporária da recessão e a continuidade dos baixos custos de financiamento”, refere a nota da Moody’s.

A agência prevê uma forte recessão em Itália na primeira metade deste ano, com recuperação a partir do terceiro trimestre, já pujante em 2021. O crescimento acentuado da despesa pública e quebra das receitas fiscais deverá levar o défice de Itália a ficar entre 8% e 10% do PIB, com o nível de endividamento público a atingir 150% do PIB.

Na nota, Kathrin Muehlbronner, vice-presidente da agência, lembra que a previsão assenta num conjunto de pressupostos: em primeiro lugar, que a economia inicia a recuperação a partir de julho; depois, que os juros da dúvida pública se mantêm baixos; e, por fim, que o governo italiano apresenta um plano de médio prazo para redução do endividamento ao longo dos próximos anos.

“A pressão também aumentará caso o governo falhe em apresentar uma estratégia orçamental credível para reparar as finanças públicas ou se a falta de consenso ao nível da União Europeia vier a enfraquecer a credibilidade dos decisores políticos e levar a uma subida nos custos de financiamento”, alerta.

Em Itália, o número de mortes devido à pandemia seguia ontem uma trajetória de descida, com 464 óbitos contabilizados num dia. O governo pretende iniciar a reabertura económica gradualmente a partir de 4 de maio, mas está já a autorizar o reabertura de portas nalgum pequeno comércio.

Atualizado com mais informação às 12h08

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