A partir de abril, quem tem moratória privada no crédito à habitação começa a pagar juros.
Segundo as contas publicadas pelo Banco de Portugal, no final deste mês, a banca poderá voltar a receber os pagamentos regulares sobre cerca de 3,7 mil milhões de euros emprestados para a compra de casa (o valor em moratória em janeiro, mas que ainda pode ser atualizado).
Mas estes empréstimos representam apenas uma fatia no bolo total. Entre os particulares, menos de 9% das famílias (8,8%) aderiram a moratórias.
No total, são 20 mil milhões de euros em empréstimos e, destes, cerca de 17 mil milhões dizem respeito a crédito à habitação. Mas apenas 3,7 mil milhões estão em regime de moratória privada, as primeiras a chegar ao fim.
Um terço dos empréstimos das empresas estão em moratórias, mas são as famílias que têm mais devedores neste regime.
Moratórias com diferentes prazos
É preciso ter em atenção que existem diferentes prazos em vigor.
Já em abril, retoma o pagamento dos juros nas moratórias públicas para as adesões iniciais que não foram renovadas nem revistas. O pagamento do capital está previsto para final de setembro, data em que termina este regime para todos.
Antes disso, em 30 de junho, termina o prazo das moratórias privadas, mas no crédito pessoal.
Resumindo. Há duas moratórias ainda em vigor: o regime público e o regime privado, promovido pela Associação Portuguesa de Bancos. Apenas a moratória da Associação de Instituições de Crédito Especializado já chegou ao fim.
Até setembro, terminam todas as moratórias.
Moratórias públicas. Há riscos para os bancos e o Estado?
Os dados conhecidos na quarta-feira foram publicados pela primeira vez e vão passar a ser atualizados todos os meses. Para já, é possível concluir que 8,4 mil milhões de euros – um terço do crédito em moratórias – está em setores considerados vulneráveis. Ou seja, nas áreas económicas mais afetadas pela crise pandémica.
Fala-se muito no crédito à habitação, mas as moratórias são mais expressivas no universo empresarial. Um terço dos empréstimos estão suspensos.
Por setores, o que mais recorreu a este apoio foi o alojamento e a restauração: seis em cada 10 empréstimos têm moratória.
No comércio, por exemplo, 25% dos empréstimos estão sob moratória.
Trata-se de um cenário que tem preocupado os bancos e as autoridades, que já manifestaram publicamente estarem a contactar os devedores, no sentido de avaliar as dificuldades e eventuais medidas de apoio.
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