Com poucas palavras Elon Musk provocou no início de agosto uma subida expressiva nas ações da Tesla. O líder da fabricante de carros elétricos escreveu no Twitter que considerava tirar a empresa de bolsa em troca de 420 dólares por ação, um prémio de 20%. E garantiu que o financiamento estava assegurado.

Am considering taking Tesla private at $420. Funding secured.

— Elon Musk (@elonmusk) 7 de agosto de 2018

O plano ficou no ar pouco mais de duas semanas. Agora o líder da Tesla diz que afinal a empresa vai continuar em bolsa e que essa é a opção mais correta. E tal como as ações da fabricante saíram beneficiadas no início do mês, este novo anúncio já está a causar pressão nos títulos. E poderá levar a um aperto do cerco da Securities and Exchange Commission (SEC), o temido regulador dos mercados financeiros dos EUA.

Segundo o The Wall Street Journal, a SEC já tinha aberto uma investigação a Musk. O objetivo é perceber se Musk deu ou não informações erróneas ao mercado, principalmente sobre a garantia de que tinha financiamento para a retirada da Tesla em bolsa. A 420 dólares por ação, o valor da empresa é de cerca de 70 mil milhões de dólares. E apesar de Musk ter cerca de 20% da cotada e de haver outros acionistas que poderiam não vender, seria necessária uma quantia significativa para concretizar essa operação.

O tweet de Musk levou a uma subida de mais de 10% das ações. E foi feito poucos meses depois de ter ameaçado que os que estavam a apostar na descida da Tesla iriam ficar queimados. A pressão dos short sellers (os investidores que apostam na queda das ações) foi uma das razões apontadas por Musk para ponderar tirar a empresa de bolsa.

Marcha atrás na saída de bolsa aumenta pressão

Fazer marcha atrás no plano levará a mais perguntas do supervisor. “O que aconteceu será do interesse da SEC porque permitirá investigar até que ponto o recuo da retirada de bolsa indica de alguma forma de que não tinha uma base razoável para a comunicação [dos planos da saída de bolsa]. Vão fazer perguntas tanto a Musk como a outros envolvidos sobre o porquê da decisão do recuo”, disse, citado pela Reuters, Stephen Crimmins, um advogado que trabalhou durante 14 anos na SEC.

Outros juristas que passaram pelo supervisor deram opiniões semelhantes. E realçam que a SEC pode mesmo pedir as atas das reuniões do conselho de administração para provar se havia ou não financiamento assegurado para a operação.

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